sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Envolverde - Novo satélite pretende melhorar em 25 vezes a capacidade de monitoramento do desmatamento


Por Flávio Bonanome, do Amazonia.org

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou na terça-feira (20) a aquisição de diversas peças para a construção do primeiro satélite desenvolvido no Brasil, batizado de Amazônia-1. Com lançamento previsto para 2011, o novo aparato promete um monitoramento do desmatamento da região amazônica 25 vezes mais preciso.

O projeto do Inpe consiste em utilizar o Amazônia-1 em conjunto com os satélites CBERS 3 e 4, já em funcionamento, para alcançar uma taxa de revisitação de três dias, isto é, os satélites poderão conseguir novas imagens da floresta neste curto período de tempo.

Esta velocidade na captura de imagens caracteriza uma das principais vantagens do novo programa. "A revisitação há cada dois ou três dias é importantíssimo, pois o grande limitante na região Amazônica é a presença de nuvens", explica Dalton Valeriano, coordenador do projeto Amazônia-1. Segundo o pesquisador, quanto maior o número de observações, maiores as chances de encontrar solo descoberto. "O único jeito de contornar a grande presença de nuvens é a redundância no quadro, ou seja, observar várias vezes, conseguindo eliminar ao máximo essa cobertura de nuvens", afirmou.

Alta Resolução


Outro grande avanço que poderá ser obtido com o programa é a melhora vertiginosa na resolução das imagens. Atualmente o Inpe trabalha com o satélite americano Landsat-5, que captura imagens com uma resolução de 250 metros, permitindo somente monitoramento de áreas desmatadas maiores de 25 hectares. "Quando começamos o projeto de monitoramento, discutimos qual a resolução mínima necessária para monitorar a Amazônia. Chegamos a conclusão que resolução legal seria entre 200 e 300 metros. Imagina, com os 250 metros, o quão limítrofe está nosso trabalho", afirma Valeriano.

Devido há este valor limite, o pesquisador estima que mais de metade da área desmatada não tem sido incluída nos relatórios de balanço. "Com esses satélites a 50m de resolução, poderemos falar em um único hectare, no máximo dois de área mínima, e esse vai ser o grande impacto para a Amazônia", conclui Valeriano

Outros Projetos

Apesar do nome, o Amazônia-1 não atenderá somente o trabalho de monitoramento da floresta. Outras áreas de pesquisa do Inpe, como Geologia, Oceanografia, Agricultura e demais, poderão beneficiar-se das imagens do novo satélite. O único segmento de pesquisa que não poderá utilizar-se das imagens do Amazônia-1 será a de monitoramento urbano que, para trabalhar as manchas urbanas, utiliza-se de imagens em uma resolução alta demais.


(Envolverde/Amazônia.org.br)

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