Por Soraya Aggege
Belém quer novo sistema econômico
BELÉM. O Fórum Social Mundial (FSM) discutirá, a partir de hoje, saídas para a crise econômica global, com uma proposta radical: é preciso mudar o sistema econômico.
Para começar, é necessário distribuir mais a renda, eliminar o livre mercado de capitais, a especulação, os paraísos fiscais e o dumping.
Nesse contexto, o mundo precisará trocar ainda o seu modelo energético, baseado no petróleo, pelas energias renováveis.
Tudo isso é consenso no FSM. Mas o debate se dá em torno do sistema ideal. Há quem defenda a troca do capitalismo pelo socialismo e há quem prefira a reforma do capitalismo.
— É uma crise de sistema e não existe uma solução única — afirmou ontem ao GLOBO o francês Bernard Cassen, um dos fundadores do FSM e da Associação pela Tributação das Transações Financeiras para ajuda aos Cidadãos (Attac).
Ele sugere, por exemplo, que os bancos públicos passem a investir apenas em nãoespeculadores e que os governos deixem de importar produtos de países que usam a mão-de-obra de presos políticos, como a China.
O sociólogo francês Ignácio Ramonet, também da Attac, define: — O fato é que temos que refundar a economia, não o capitalismo. Não adianta fazer reformas.
Mas nem todos no FSM concordam com o enterro do sistema capitalista.
Oded Grajew, um dos idealizadores do FSM com Cassen, defende o que ele chama de “capitalismo socialmente responsável”: — Em vez de mercado livre, temos que ter um mercado socialmente responsável, com uma democracia mais participativa. Penso que o mundo comporta, sim, as empresas, desde que sejam controladas socialmente.
Os debates em torno da crise global permeiam centenas de atividades do FSM.
Mas o consenso é de que ela não é nenhuma novidade para os chamados “altermundistas” (como se chamam os participantes do FSM, cujo lema é: “Outro Mundo é Possível”).
Há oito anos, em todas as suas edições anteriores, o FSM alerta para a possibilidade de um colapso na economia por causa da especulação e do livre mercado.
A representante do Fórum Social Europeu, a italiana Rafaela Bolini, disse ontem que um dos desafios do FSM é evitar a fragmentação e construir propostas e alternativas à crise.
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