sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Envolverde - Michael Löwy afirma que capitalismo conduz humanidade a uma catástrofe ecológica
Por Amanda Mota, da Agência Brasil
Um dos intelectuais basileiros de maior prestígio internacional, ele avaliou que o capitalismo conduz inexoravelmente à destruição do meio ambiente e aos gases do efeito estufa.
Belém - O sociólogo e pesquisador brasileiro Michael Löwy, membro do Conselho Nacional de Pesquisa Científica da França, afirmou ontem (29/01), no Fórum Social Mundial, que o sistema capitalista está conduzindo a humanidade a uma catástrofe ecológica.
"O capitalismo conduz inexoravelmente à destruição do meio ambiente e aos gases do efeito estufa. A lógica do sistema está na busca pela expansão e acumulação ilimitada dos lucros, sem cuidado e preocupações com o meio ambiente e com o futuro de recursos naturais que hoje nos servem de alimento, como o milho, por exemplo", afirmou Löwy que participa do Fórum Social Mundial, em Belém.
Considerando sobretudo o aquecimento global e a crise financeira internacional, o sociólogo, que é um dos intelectuais brasileiros de maior prestígio internacional, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, que a civilização atual caminha a passos largos rumo a uma outra crise – denominada por ele de "crise de civilização".
"Estamos caminhando a uma velocidade muito grande para uma catástrofe ecológica e a raiz do problema é o próprio sistema capitalista. Partindo desse princípio, consideramos que não é só o planeta, que possivelmente vai continuar existindo, que está em perigo, mas sobretudo a civilização atual, que talvez não sobreviva caso se concretize essa catástrofe ecológica", acrescentou.
Ainda na avaliação de Löwy, uma das alternativas para evitar essa possível catástrofe ambiental é o ecossocialismo.
"Precisamos de um sistema que alie as causas sociais com ecologia e esteja à altura dos desafios do século 21. Lutar por um sistema eficiente de transporte público é um exemplo disso. Fazendo um balanço crítico das experiências socialistas do século passado e dos movimentos ecológicos atuais, poderemos propor esse outro modelo de civilização, que é o ecossocialismo", resumiu.
Para a professora do Núcleo de Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Edna Castro, apesar das considerações de Michael Löwy, o Fórum Social Mundial irá contribuir também para a discussão de soluções que possam mudar o rumo das previsões negativas com relação ao futuro ambiental.
"O sistema capitalista, inegavelmente predominante na economia mundial, conduz a uma situação catastrófica. No entanto, ainda há tempo para se repensar em um modelo de desenvolvimento que consiga nos permitir a boa convivência com o que resta do meio ambiente", declarou.
"Este é o momento de parar e pensar quais devem ser as políticas adequadas para a Amazônia, para a América Latina e para o mundo, de modo geral", concluiu a pesquisadora.
(Envolverde/Agência Brasil)
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