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BELÉM - Quatro presidentes sul-americanos entusiasmaram na quinta-feira a plateia do Fórum Social Mundial em Belém, fazendo duros ataques ao capitalismo e propondo um novo mundo socialista.
O venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa e o paraguaio Fernando Lugo foram aclamados pela multidão no encontro "Perspectivas da Integração Popular da América Latina".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou do evento, mas se reuniria depois com os quatro colegas.
Durante o debate, os presidentes fizeram inúmeros ataques ao "imperialismo norte-americano", e somaram suas vozes a cantos de protesto e aos coros usados há décadas por militantes de esquerda, sindicalistas, indígenas e diversos outros movimentos.
Houve momentos de homenagem ao guerrilheiro de origem argentina Ernesto "Che" Guevara, heroi da revolução cubana, morto na Bolívia na década de 1960, e gritos de saudação ao revolucionário cubano Fidel Castro, afastado definitivamente do poder por motivo de saúde.
"Enquanto (no Fórum Econômico Mundial) em Davos, Suíça, se reúne o mundo que morre, aqui se reúne o mundo que nasce. Estamos onde nasce um mundo novo, uma nova era", disse Chávez ao desembarcar em Belém.
Criado há oito anos em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial habitualmente coincide com o evento de Davos, onde a elite empresarial e política mundial se reúne todos os anos.
Em seu pronunciamento, Chávez voltou a atacar o ex-presidente norte-americano George W. Bush, e reservou uma recepção apenas cautelosa ao sucessor dele na Casa Branca, Barack Obama.
"Estaremos à espera, observando, a atuação do novo governo dos Estados Unidos, que tem um problema muito grave dentro das suas fronteiras: a crise econômica", disse.
Acrescentou, porém, que não se ilude quanto a mudanças. "O império está intacto (...), e o próprio presidente (Obama) já disse que Chávez é um obstáculo."
Correa também atacou o capitalismo e disse ser parte de um grupo de "governos progressistas que buscam um sistema mais justo" por meio do "socialismo do século 21", no qual vigore "a supremacia do ser humano e do trabalho humano sobre o capital."
Morales admitiu que pode cometer erros, mas prometeu jamais abandonar "a luta contra o imperialismo norte-americano".
O ex-bispo Lugo, mais recente integrante do bloco de esquerda sul-americano, disse que, graças aos grupos militantes, a América Latina vive um profundo processo de mudanças.
"Movimentos populares, camponeses, indígenas, de mulheres e de jovens nos deram a possibilidade de gerar essa mudança em nosso país", afirmou Lugo, cuja vitória eleitoral, no ano passado, encerrou décadas de governo conservador do Partido Colorado.
Texto de Julio Villaverde
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