BELÉM - O primeiro dia de debates do Fórum Social Mundial (FSM) será dedicado aos temas ligados à Pan-Amazônia (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname). Celebrações, seminários e discussões vão abordar as questões indígenas e dos povos da floresta, além da preservação do meio ambiente e as mudanças climáticas.
“O mundo todo está concentrado nas questões amazônicas, ela tem uma função estratégica para a preservação do planeta. E aqui são os próprios povos indígenas que estão dando seu recado, mostrando qual é a situação. Só eles têm condições de criar junto com os não-índios as bases de um novo modelo de desenvolvimento”, afirmou a coordenadora regional do FSM, Audelice Otterloo.
O representante da Coordenadoria Andina de Organizações Indígenas (CAOI), Miguel Palacin, denunciou a criminalização dos movimentos sociais em países da América do Sul, como no Peru. “Se um policial te mata está isento de responsabilidades. Assim é feita a legislação, com leis inconstitucionais", criticou.
Para o presidente do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), Matheus Otterloo, Belém foi escolhida sede do FSM justamente em função do contexto de mudanças climáticas e da inviabilidade do atual modelo de desenvolvimento. Entre os problemas da região, Matheus destacou a instalação de hidrelétricas na região. “Precisamos denunciar e nos juntar para impedir [isso]. Os grandes rios da Amazônia são transformados em produtor de energia inclusive para regiões que nem se quer trazem benefícios para os povos indígenas. E há muitas outras [hidrelétricas] planejadas para serem construídas ”, disse.
As atividades da manhã mostraram também que nem só de índios é feita a floresta. O membro da Coordenação de Quilombolas do Estado do Pará Daniel Souza defende que, juntamente com os índios, são os moradores do quilombo que preservam a floresta.
“O índio é nativo e o negro foi trazido, mas nós somos a Amazônia também. Nós somos menos do que os índios, mas descendentes dos escravos e muito sofridos. Nós agradecemos aos índios, porque se nós fugimos e nos escondemos foi graças a eles que conheciam a cachoeira, que conheciam a mata e nos ajudaram”, defendeu.
Os debates continuam nas tendas da Universidade Federal do Pará e na Universidade Federal Rural da Amazônia. Durante a tarde, um dos espaços será dedicado à Irmã Dorothy, onde será discutido o desrespeitos aos direitos humanos na região.
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