quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Envolverde - Fóruns se propõem a moldar o mundo pós-crise


Por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil

Apesar de terem soluções e modelos bem diferentes, tanto o Fórum Social quanto o Fórum Econômico Mundial tem a pretensão de idealizar a sociedade do futuro

Mais de 100 mil pessoas, entre elas ativistas, ambientalistas, índios, políticos e outras autoridades, suportam o calor tropical da cidade de Belém para defender que “Um outro mundo é possível”, lema do Fórum Social Mundial (FSM) que teve início nesta terça-feira (27/01).

Em um ambiente mais estéril, frio e controlado, em Davos, uma platéia bem menos heterogênea, formada por lideranças políticas e econômicas, começa a discutir, a partir desta quarta-feira (28/01), saídas para a recessão no Fórum Econômico Mundial (FEM).

Apesar de meio planeta separar os fóruns, eles apresentam em comum a vontade de ajudar a moldar o mundo que surgirá após a crise financeira.

“Não temos dúvida que seremos uma sociedade diferente após esse abalo econômico. Davos tem duas tarefas: ajudar a administração da recessão e traçar um modelo para o mundo pós-crise”, afirmou o fundador do FEM, Klaus Schwab.

Já o FSM visa discutir rumos alternativos para uma nova ordem econômica e política mundial. “Davos será um ambiente de derrota, os que estão se reunindo lá, que são os culpados pela situação financeira que o mundo está vivendo hoje, estão se perguntando o que vão fazer. Nós tínhamos razão em 2001 ao dizer a eles que um outro mundo é possível”, disse um dos fundadores do FSM, Chico Whitaker.

Crise de Credibilidade


Apesar de ainda atrair a atenção mundial, Davos sofre uma séria crise de credibilidade, uma vez que é acusada de ter sido ao menos incompetente por não ter previsto a crise nas edições anteriores.

Alguns analistas apontam que esta é a primeira grande recessão global que o mundo moderno sofre. E estaria apenas no seu início, sendo preciso ao menos três anos para uma recuperação.

Por isso, os participantes deste ano apostam em uma nova postura do encontro. Ao invés de banqueiros dominando as conversas, deverão ser os políticos e suas propostas para o futuro que irão liderar.

“Temos mais de 90 países reunidos. Perto de 50 chefes de estado. O desafio aqui é criar uma voz unânime e uma força conjunta para sair da crise. Temos que coordenar as ações mundiais”, conclui Schwab.

Alternativas


O FSM foi planejado para ser na Amazônia justamente para ter como principal foco o aquecimento global e o desmatamento. Mas com a implosão do mercado financeiro, o encontro também será palco de um acalorado debate sobre globalização, neoliberalismo e modelos econômicos.

Na avaliação de Whitaker, a crise deverá mesmo ser o ponto central de discussão nos dois fóruns, mas de pontos de vista bem diferentes. “Os chineses têm dois sentidos para a palavra crise: risco e oportunidade. Em Davos, estão vivendo o sentimento do risco, o sistema está se arriscando, se esgotando. E aqui, em Belém, estamos vivendo a oportunidade, as saídas, as buscas”, comparou.

Apesar disso, o FSM não quer deixar de lado outras grandes questões atuais. “Não devemos concentrar a discussão apenas sobre a crise financeira internacional. Também estarão na ordem do dia as questões ambientais e de segurança alimentar, que justificam inclusive a escolha de uma sede amazônica para o Fórum”, conta um dos articuladores do FSM e organizador da etapa 2009, Cândido Grybowski.

Participando do evento, a ex-senadora Heloísa Helena não acredita que o FSM vá apontar soluções para a crise, mas afirma que será um espaço para o debate de novas idéias.

“É um momento importante de construção de políticas alternativas e esperamos estar à altura das responsabilidades que parte do Brasil e do mundo esperam de todos nós”, conclui Helena.

* Com informações da Agência Brasil e Agências Internaionais


(Envolverde/CarbonoBrasil)

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