Por Aldrey Riechel
Nos meses de novembro e dezembro de 2008 foram registrados, respectivamente, 61 e 50 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, segundo os dados do Boletim Transparência Florestal realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os números apresentados indicam uma queda de 94% em relação a novembro de 2007 e de 27% em relação a dezembro do mesmo ano.
Segundo o Imazon, a taxa de devastação pode estar subestimada já que nos dois meses a cobertura de nuvens na região foi de 68% em novembro e de 73% em dezembro. Além disso, a parte do Maranhão que compõe a Amazônia Legal não foi analisada. Mas, de acordo com Adalberto Veríssimo, pesquisador e coordenador do Projeto Transparência Florestal, os dados não foram analisados de forma isolada, mas junto com os outros meses que mostram que o desmatamento vem caindo desde julho do ano passado.
Os cinco primeiros meses do calendário de desmatamento, que tem início no mês de agosto e termina no mês de julho identificam que o desmatamento acumulado totalizou 635 quilômetros quadrados. A redução foi de 82% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Veríssimo afirma que essa queda não surpreende e que as ações do governo estão gerando resultados. "No inicio de 2008 o governo anunciou uma série de medidas de combate ao desmatamento e algumas medidas duras como a lista dos 36 municípios que mais desmataram, confisco de bois e corte de créditos. Essas medidas tiveram efeito, mesmo antes da crise financeira". Para ele, a tendência é que esta queda continue nos próximos meses, também influenciada pela crise econômica.
Pensar um novo modelo de economia seria o próximo passo para o combate à devastação, já que essas medidas funcionaram em curto prazo, mas não garantem a sustentabilidade. "Agora (o governo) precisa apresentar uma agenda econômica, com outra maneira de usar as florestas sem devastar", afirma Veríssimo.
Em novembro, o estado que mais desmatou foi o Pará (60%), seguindo por Rondônia (12%), Mato Grosso (10%), Acre (10%) e Amazonas (8%). Em dezembro, o estado campeão foi Mato Grosso que devastou 65% do total de floresta, seguido pelo Pará (20%), Rondônia (10%) e Amazonas (5%).
Em ambos os meses as áreas privadas ou em diversos estágios de posse lideraram o ranking de desmatamento. Em novembro 71% ocorreu nessas áreas e em dezembro foi 76%. Os assentamentos de Reforma Agrária contribuíram com 6% (novembro) e 19% (dezembro). Já as Unidades de Conservação foram responsáveis por 6% em novembro e 4% de desflorestamento no mês seguinte e as Terras Indígenas com 1% em cada mês.
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