DE NOVA YORK
Antes mesmo da estreia comercial no Brasil, o longa "Mataram a Irmã Dorothy" já se envolveu em polêmicas locais.
No Pará, correram rumores de que a equipe do documentarista Daniel Junge seria a autora de uma filmagem irregular que ajudou a inocentar em segundo julgamento Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang. No primeiro julgamento, ele havia sido condenado a 30 anos de prisão.
Na gravação, um condenado por intermediar a morte da missionária contradiz depoimento anterior e diz que o crime não foi encomendado, exonerando os supostos mandantes. As acusações foram publicadas na imprensa local. "É inacreditável", diz o diretor. "Não tivemos absolutamente nada a ver com isso."
Indagado sobre as razões para a insinuação, ele diz que "a fita deve ter sido feita ilegalmente para ajudar na defesa e precisavam jogar a culpa em outra pessoa (...) então culparam os americanos". Ele afirma também que há uma tentativa de desacreditar o documentário.
Após se aprofundar por três anos nos aspectos mais violentos da exploração de terras na Amazônia e das complexidades do Incra, Junge vê a morte de irmã Dorothy como um crime político. "Ela foi morta por suas atividades com o Projeto de Desenvolvimento Sustentável, que definitivamente tinham caráter político."
Para o americano, foi "deprimente" constatar o quanto é difícil encontrar pedaços de floresta intocada. "Só quando você sai de Belém e adentra pela Transamazônica vê o que é a Amazônia."
O diretor diz que não sofreu ameaças nem teve medo durante as filmagens. "Levaram 30 anos para matar uma mulher velha que os incomodava. Em muitos aspectos, eu era apenas um turista."
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