segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Envolverde - Luta de Irmã Dorothy é referência no Fórum Mundial de Teologia e Libertação


Por Ana Rogéria, editora de Adital, de Belém (PA)

"Água e terra para um outro mundo possível". Com esse lema, a terceira edição do Fórum Mundial Teologia e Libertação, que acontece até o dia 25, na Fundação Cultural do Pará, em Belém, não deixaria de dedicar um espaço à Irmã Dorothy, nome que hoje se traduz em símbolo de luta e resistência dos povos amazônicos.

No Espaço Dorothy, no hall que antecede o auditório onde se realizam os painéis, impossível não sentir a força do comitê e a vontade de justiça ainda não saciada pela morte da irmã Dorothy Stang, em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA). Estão lá cartas da década de 80 denunciando a grilagem e o desmatamento, vídeos com depoimentos de ambientalistas renomados, e alguns punhados da terra do local onde a irmã foi morta.

"Esse espaço é para chamar a atenção para tudo o que Dorothy foi, é e continua sendo. Isso diz respeito à luta pelo meio ambiente, à luta contra a impunidade, a grilagem, o desmatamento. As cartas dela continuam atuais", afirma irmã Julia Depweg, integrante do Comitê.

Dorothy, assim como Chico Mendes, está dentro dessa luta de todos e todas que desejam e trabalham por um mundo melhor, que é possível. De acordo com irmã Julia, hoje o legado deixado por Stang continua vivo. "Uma pena que com a morte dela, talvez hoje se consiga chamar mais atenção para os problemas ambientais. Foi uma escolha dela. Sempre queriam que ela recebesse proteção especial, mas ela insistentemente não queria. Queria proteção para toda a comunidade", conta Julia.

Hoje, quando se completam quase quatro anos de sua morte, o Comitê lamenta a decisão da justiça, que absolveu Viltamiro Bastos, mandante do assassinato de Stang. "Nunca esperávamos que ele fosse perdoado pela justiça", conta relembrando o dia da sentença. "Quando saiu a sentença, todos nos ajoelhamos e escutamos a notícia da absolvição. Por isso, não podemos lidar com isso que eles chamam de justiça. Que justiça é essa?", indaga.

No próximo dia 28, dentro da programação do Fórum Social Mundial, será exibido o documentário "Mataram Irmã Dorothy", que trata do trabalho da missionária que dedicou 30 anos de sua vida em apoio aos excluídos.

*As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF2008.

(Envolverde/Adital)

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