Por Jorge Eduardo Dantas
Aproximadamente 40 lideranças indígenas ocuparam, ontem pela manhã, a sede do Distrito Especial Sanitário Indígena de Manaus (Dsei/Manaus) situada na avenida Getúlio Vargas, em frente ao posto de gasolina, no início da via. A ocupação foi tensa e episódios de agressão contra o responsável pelo Dsei, Pedro Gonzaga, foram registrados. Policiais militares se dirigiram ao local para evitar tumultos.
Os indígenas se mobilizaram por conta de demissão de 34 técnicos que trabalhavam na Casa de Saúde do Índio (Casai), localizada no Km 25 da Manaus Itacoatiara (AM-010). Eles reclamaram, ainda, das condições de atendimento da entidade que, segundo eles, não ajuda na promoção da saúde indígena.
Os psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, cozinheiros e assistentes sociais dispensados semana passada trabalhavam para a organização não governamental Saúde sem Fronteiras que, responsável por um convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que mantém a Casai. A ONG "empregava" os especialistas como colaboradores. O contrato que sustentava a atividade expirou no fim do ano passado e, por isso, os profissionais foram dispensados. Os pacientes, no entanto, não concordam com a medida.
"O que acontece é que aqueles que saíram já lidavam com saúde indígena há algum tempo e sabiam como nos tratar. E agora temos vários novos profissionais que não têm o preparo suficiente para lidar com este assunto", reclamou Leonídice Praia Caldas, 46, que se trata de artrose nos dois joelhos na Casai, há seis meses. Leonídice é oriunda da aldeira Maquira, no rio Urubu, próximo a Itacoatiara, a 170 quilômetros de Manaus.
Descumprindo acordo
A instituição que substitui a Saúde sem Fronteiras é a Fundação Poceti, cuja sede fica no bairro de Petrópolis, Zona Sul. Ela havia se comprometido, em reunião ocorrida no Ministério Público Federal (MPF) em novembro do ano passado, a absorver a mão-de-obra da Saúde sem Fronteiras - respondendo a uma demanda que já havia sido colocada pelas instituições indígenas há dois meses atrás. A reportagem não conseguiu contato com o presidente da entidade, João Marcos Pozzetti, para que ele se pronunciasse sobre o assunto.
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