sexta-feira, 6 de junho de 2008

Folha - Amazônia ganha mais três unidades de conservação

Por MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Áreas criadas ontem pelo governo superam a extensão da floresta devastada entre agosto de 2005 e julho de 2007

Proposto ainda na gestão de Marina, pacote anunciado ontem deixou de fora a criação de dois fundos destinados à preservação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, mais três unidades de conservação ambiental na Amazônia, cuja área total, 26,5 mil quilômetros quadrados, equivale a quase 18 vezes a cidade de São Paulo e supera a extensão da floresta devastada entre agosto de 2005 e julho de 2007.
As unidades de conservação integram o "paredão verde" destinado a tentar conter o avanço da fronteira agrícola e o desmatamento da Amazônia, cujo ritmo voltou a crescer desde o final do ano passado.

"Temos de correr atrás do prejuízo, diminuir o desmatamento e preservar mais do que aquilo que se desmata", discursou o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), em solenidade no Palácio do Planalto. Das três unidades criadas ontem, a maior é o Parque Nacional de Mapinguari, no Amazonas. A mais polêmica é a Reserva Extrativista do Médio Xingu, no Pará, em decorrência da expectativa de setores do governo de aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Xingu. A terceira unidade, Ituxi (AM), também é uma reserva extrativista.

As unidades faziam parte de um pacote maior proposto pela ex-ministra Marina Silva e que aguardava deliberação da Casa Civil. Segundo dados oficiais, a devastação nas áreas de conservação apresenta percentuais reduzidos em relação ao restante da Amazônia.
"Eu estou sonhando aqui", disse Herculano Costa Silva, representante das 50 famílias da área da Resex do Xingu, escalado para discursar na cerimônia. Não participaram do ato o coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável), Mangabeira Unger, nem o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura).

O pacote anunciado ontem deixou de fora a criação de dois fundos destinados à preservação do meio ambiente. O Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia passará por nova rodada de discussão em grupo de trabalho interministerial.

Crédito verde
O governo avalia que tem condições de manter a regra que proíbe os bancos de emprestarem a agricultores que desmataram ilegalmente suas propriedades na Amazônia.
Ontem a Folha revelou que a bancada ruralista tenta derrubar o decreto do presidente Lula sobre o assunto. De acordo com a análise jurídica já discutida no Planalto, o bloqueio ao crédito rural tem amparo em pelo menos três leis diferentes e não depende exclusivamente do decreto presidencial de dezembro do ano passado, que tratou das medidas para conter o desmatamento na Amazônia.

Dessa forma, se o projeto que suspende partes do decreto presidencial for aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na próxima semana, a vedação aos empréstimos continuará valendo, segundo integrantes do governo.
Colaborou LEANDRA PERES , da Sucursal de Brasília

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