Opinião
Por CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - A Amazônia é nossa e ninguém tasca, já disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para delírio dos patriotas.
Mas quem somos "nós", os donos da Amazônia? Nem o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sabe, conforme levantamento que o excelente repórter Eduardo Scolese trouxe ontem para a manchete desta Folha.
Mais exatamente: 14% da Amazônia é de "ninguém". Coloquemos um pouco de comparações nessa história: os 14% eqüivalem aos Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, juntos, ou ao dobro do tamanho da Alemanha.
O Incra tampouco sabe, relata Scolese, o que está sendo produzido, plantado ou devastado nessas terras públicas da União.
Aí aparece algum "gringo" sem superego e diz que a Amazônia não é só do Brasil, mas do mundo todo, e o "patrioteirismo" sai em busca da jugular do cidadão.
Não faz sentido. Pelos dados agora divulgados, pelo menos 14% da Amazônia já é do "mundo todo" ou de "ninguém", o que, no fundo, dá na mesma. Fora uma porcentagem desconhecida que é propriedade de estrangeiros.
Bravatas sobre a Amazônia podem satisfazer o ego de quem as produz. Mas a região só será "nossa" quando o país demonstrar que nem é terra de ninguém nem é o paraíso das motosserras.
Deu a louca na política no mundo. Olivier Besancenot é o melhor opositor para o presidente Nicolas Sarkozy, diz pesquisa do jornal "Le Figaro". Besancenot vem a ser o líder da Liga Comunista Revolucionária, trotskista, nunca antes eleita neste mundo.
O Partido Trabalhista britânico, do premiê Gordon Brown, ficou em quinto lugar em eleição local. Perdeu até dos neofascistas. Quinto lugar em um sistema virtualmente bipartidário parece até piada pronta.
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