quarta-feira, 11 de junho de 2008
Envolverde - Trabalho da Embrapa sobre Amazônia é premiado pela Universidade de Oxford
Por Fernanda Diniz, da Embrapa
Artigo, considerado o melhor pelo Journal of Heredity, aponta para a necessidade de reavaliar os atuais programas de manejo florestal.
Brasília – O artigo da pesquisadora Vânia Azevedo (foto) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 41 unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, foi agraciado com o prêmio “Stephen J. O' Brien Award for 2008" para o melhor artigo publicado por estudante em 2007 no Journal of Heredity da Universidade de Oxford, Inglaterra. O artigo intitulado “Genetic Structure and Mating System of Manilkara huberi (Ducke) A. Chev., a Heavily Logged Amazonian Timber Species." fez parte da tese de doutorado da pesquisadora e tem como co-autores: Milton Kanashiro (Embrapa Amazônia Oriental), Ana Yamaguishi Ciampi e Dario Grattapaglia (também da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
O artigo foi elaborado sob a orientação dos pesquisadores Ana Ciampi e Dario Grattapaglia com base nos estudos desenvolvidos pela Embrapa sobre a estrutura e dinâmica genética de maçaranduba (Manilkara huberi (Ducke) Chev. Sapotaceae), uma espécie arbórea amazônica intensamente explorada devido à alta densidade e resistência de sua madeira.
Esses estudos, coordenados pela Embrapa Amazônia Oriental, têm como objetivo gerar informações biológicas para garantir a sustentabilidade produtiva da floresta Amazônica e fazem parte do Projeto Dendrogene (Conservação Genética em Florestas Manejadas na Amazônia), coordenado pela Embrapa Amazônia Oriental desde o ano 2000 com vistas ao manejo florestal, tendo em vista a exploração sustentável das árvores amazônicas.
O projeto Dendrogene se baseia no conhecimento genético-molecular das espécies vegetais, que é findamental para a conservação e o uso sustentável das florestas tropicais da Amazônia. O projeto é financiado pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Governo Britânico (DFID) e além da Embrapa Amazônia Oriental e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, conta também com a parceria do IBAMA, universidades e empresas madeireiras.
Conhecer para conservar
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é a responsável pelas análises genéticas de Manilkara huberi, ou maçaranduba (foto), como é popularmente conhecida, uma das espécies-modelo selecionadas para estudos ecológicos, botânicos, genéticos e de modelagem. Para os estudos genéticos de M. huberi foram utilizados marcadores moleculares microssatélites nucleares e de cloroplasto. Foi avaliado também o potencial efeito da exploração na sua estrutura genética populacional.
Programas de manejo florestal devem ser revistos no Brasil
As análises genéticas mostraram que para recuperar a sua área original, a M. huberi necessitaria de um tempo superior a 140 anos considerando-se as recomendações atuais permitidas por lei, o que deixa evidente a insustentabilidade dos atuais ciclos de 30 anos recomendados para programas de manejo.
Segundo Azevedo, “as informações obtidas sobre a estrutura genética das espécies amazônicas mostram que as florestas são ambientes complexos e que as práticas atuais devem ser revistas, deixando de considerar a floresta como um todo, e passando a elaborar um modelo de exploração mais criterioso com base em espécies ou grupos de espécies que compartilham as mesmas características”.
A pesquisadora explica que os estudos deixam clara a necessidade de um entendimento crescente sobre a biologia das espécies para uma redefinição de políticas públicas mais eficientes em relação à sustentabilidade da exploração madeireira e ao uso e conservação dos recursos florestais a longo prazo.
Por isso, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Acre, Embrapa Amazônia Oriental e Universidade Federal do Pará- UFPA, está dando continuidade aos estudos pós exploração madeireira, visando gerar informações cada vez mais precisas a respeito da dinâmica genética dessas espécies.
Crédito da imagem: Cláudio Bezerra
(Envolverde/Embrapa)
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