Por Vannildo Mendes
Idéia da Força Ambiental perde força por falta de homens e verbas
O ministro da Justiça, Tarso Genro, aplicou uma ducha de água fria nos planos do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de combate à devastação ambiental. Genro adiou a criação da Guarda Nacional Ambiental, abriu os olhos do ministro sobre a escassez de recursos e limitações da máquina estatal e atendeu apenas em parte aos seus pedidos. Os dois divergiram mais do que concordaram na reunião de quase duas horas que mantiveram ontem para definir a estratégia de combate ao desmatamento na Amazônia na terceira fase da Operação Arco de Fogo.
Dos 500 homens adicionais da Força Nacional de Segurança Pública, que Minc queria ver agregados a essa fase da operação, Tarso prometeu 50.
Minc tentou barganhar 150, mas o acerto foi fechado em 100. 'Já temos 250 policiais atuando na região, podemos mandar mais 50 ou até 100, no máximo, dependendo da necessidade e da disponibilidade de recursos', explicou o secretário nacional de Segurança Pública e coordenador da Força, Ricardo Balestreri, presente ao encontro, iniciado às 11 horas.
Apesar das divergências, o encontro - o primeiro entre os dois - foi amigável. Genro brincou com o visual estiloso do novo ministro e pediu dicas sobre coletes. A parte séria, porém, empacou na resistência do ministro da Justiça em atender às demandas de Minc.
Diante do impasse, os dois cancelaram compromissos de almoço e estenderam a reunião até o início da tarde. Eles acertaram o início de uma rodada de negociações com os governos estaduais para criação de um Plano Nacional de Prevenção a Queimadas e Incêndios. Enquanto o plano não vem, ficou acertado que Minc negociará parceria com os Estados, que estruturarão batalhões florestais estaduais, integrados por policiais militares e bombeiros treinados para esse fim.
Pelo acordo, o governo federal mandará ajuda em dinheiro e equipamento, parte bancada pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) para estruturação desses batalhões - ou reestruturação onde já existirem. Genro concordou em mobilizar equipes da Polícia Rodoviária Federal nas ações de controle dos entroncamentos das estradas amazônicas.
O objetivo é estrangular o transporte de madeira extraída ilegalmente, crime que aumenta nessa época de estiagem, que se estende de junho a setembro. Prometeu também mandar alguma ajuda em dinheiro e equipamentos para o corpo de bombeiros e as polícias militares dos Estados entrarem no esforço de combate às queimadas ilegais.
Mas negou apoio à criação imediata da guarda nacional e desidratou bastante o reforço de mil homens que Minc queria ver agregados à terceira fase da Arco de Fogo, iniciada em março para conter o avanço do desmatamento. O xerife do meio ambiente tentou, sem sucesso, dispor de mais 500 homens da Força e outros 500 da PF.
DUAS REUNIÕES FRUSTRANTES
Ao final, Minc não escondia o desânimo. 'Uma guarda nacional não é algo fácil de criar e envolve uma negociação longa. Enquanto isso, vamos usar ao máximo a experiência da Força e fazer parceria com os Estados', disse o ministro.
Ele vinha de outra reunião, igualmente frustrante, em que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, colocou um freio no ímpeto do ministro de empregar as Forças Armadas no combate aos crimes ambientais. Jobim alegou que é preciso haver um planejamento detalhado para que se possa definir quantidade de homens, mobilização de veículos e equipamentos e previsão de recursos no orçamento das Forças Armadas.
Movimento pede troca de relatora
PorRosa Costa
Com apoio do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, deputados da Frente Parlamentar Ambientalista e representantes de entidades ligadas à área querem tirar a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) da relatoria do Meio Ambiente na elaboração do orçamento do ano que vem.
Em abaixo-assinado dirigido ao líder do Democratas, senador José Agripino (RN), alegam que, além de ser candidata à presidência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a parlamentar 'é autora do projeto de decreto legislativo que suspende a aplicação das salvaguardas ambientais na concessão de financiamento agrícola, assim como notória defensora da política agrícola na forma predatória do meio ambiente'. Kátia também é membro da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado.
O líder José Agripino adiantou que não tem motivos para mudar o nome do relator. 'Não há a menor hipótese de meu partido mudar de idéia', afirmou. 'A senadora tem convicções e equilíbrio.'
Tampouco a senadora vê motivos para desistir da tarefa. 'Ninguém conversou comigo para saber minha opinião, não sou sabuja (bajuladora) de ambientalistas, o abaixo-assinado é preconceituoso', rebateu.
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