Por Assis Moreira
Ao mesmo tempo em que admitia existência de canaviais na Amazônia, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ontem que até o fim do mês o governo lançará um contrato de trabalho específico pa ra os cortadores de cana.
O objetivo é frear denúncias internacionais de trabalho degradante na produção de etanol. Segundo Lupi, o contrato torna-se necessário porque a colheita crescerá muito, ainda mais com 90% dos carros novos do país sendo movidos a biocombustíveis.
"A tendência é aumentar a produção e precisamos ter política focada para combater trabalho degradante no setor", afirmou. O foco do contrato vai ser qualificação e segurança do direito do trabalhador, mas não está claro qual será o pagamento mínimo no setor.
Lupi admitiu problemas na indústria canavieira, confirmando que a maioria dos mais de 20 mil trabalhadores "em situação parecida com a escravidão" que o ministério conseguiu libertar nos últimos anos, estava na área de cana, com maior incidência no Pará. Indagado sobre afirmações do governo de que não havia cana na Amazônia, o ministro retrucou rindo e abrindo os braços: "Diziam que não, mas o pior é que tem".
Em discurso na FAO, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse para mais de 50 chefes de Estado que 99,7% da cana-de-açúcar no país está a pelo menos 2 mil quilômetros da floresta amazônica e que, assim, a distância entre os canaviais no Brasil e a Amazônia seria a mesma que a entre o Vaticano e o Kremlin.
Ele atribuiu a "argumentos sem pé nem cabeça" as críticas de que os canaviais estariam invadindo a Amazônia e garantiu que a região Norte tem apenas 21 mil hectares de cana, o equivalente a 0,3% da área total de canaviais do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário