quarta-feira, 25 de junho de 2008

OESP - PF apreende 'bois piratas'

Por João Domingos, BRASÍLIA

Gado era criado ilegalmente em reserva ambiental

“Acabou a moleza. Boi pirata vai virar churrasco do Fome Zero”, anunciou ontem ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao divulgar a apreensão, pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Polícia Federal, de 3.100 cabeças de gado criado ilegalmente na Estação Ecológica Terra do Meio, em Altamira (PA). Os bois serão leiloados dentro de duas semanas.

Desde 2005, a área foi declarada unidade de conservação. Há um ano, a Justiça determinou a saída dos criadores de gado do local. Na Terra do Meio estão ainda outras 40 mil cabeças de gado, mas os fazendeiros já estão retirando os rebanhos, transferindo-os para propriedades legais, em São Félix do Xingu (PA). Com isso, reagem à apreensão dos 3.100 bois, estimados em R$ 12 milhões, do fazendeiro Lourival Medrado Novaes dos Santos, da Fazenda Lourilândia. Santos tinha sido intimado pela Justiça a sair.

As outras 40 mil cabeças de gado que eram criadas ilegalmente em áreas invadidas na Terra do Meio pertencem a 17 fazendeiros, 15 já notificados. “Queremos que eles tirem o gado das áreas de preservação e o transfiram para fazendas legais”, disse o ministro.

No curral da fazenda, foram encontrados 60 frascos de vacina contra febre aftosa - suficientes para 3 mil cabeças -, frascos de vacina contra brucelose e vermífugos. Foram encontrados ainda 24 eqüinos, galinhas, porcos, cachorros e gatos.

Minc informou que ontem pela manhã uma grande operação do Ibama e da Polícia Federal embargou a Fazenda Simonato, de 10 mil hectares, em Costa Marques (RO). De acordo com Minc, houve derrubada ilegal da mata nativa no local. O proprietário tem 15 dias para retirar o gado de lá e levar para algum pasto regular. Caso contrário, também pode perder seu rebanho.

REGULARIZAÇÃO

“Nosso papel é evitar o desmatamento. Por isso, vamos usar a inteligência. Mexemos na cadeia produtiva e isso está fazendo efeito. Vai nos ajudar a combater o desmatamento”, disse.

Em coro com o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, Minc disse que o grande problema da Amazônia, hoje, é a falta de regularização fundiária. “Sem a regularização, não há política pública. Por isso, temos de resolver logo a questão fundiária”, afirmou.

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