Por Cristina Amorim
Na comparação com abril deste ano, no entanto, desmatamento na região foi 88,5% maior
O desmatamento registrado na Amazônia em maio, por uma fonte independente, foi 26% menor do que em mesmo mês de 2007. Segundo o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), produzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), ele soma 294 quilômetros quadrados - em maio do ano passado foram 397 km².
O índice registrado pelo SAD em maio é 88,5% maior do que o de abril, quando foram contabilizados 156 km². Maio é o início da temporada de corte na Amazônia, uma vez que começa o período de seca na região, o que facilita a atuação no campo. Por isso, a taxa é normalmente mais alta.
O desmatamento acumulado de agosto de 2007 a maio chega a 4.142 km² - 7% a mais do que o mesmo período anterior (agosto de 2006 a maio de 2007), quando foram derrubados 3.870 km² na região. Nesse mês, Pará foi o Estado que registrou a maior área desmatada (60,1%), seguido por Mato Grosso (16,6%), Rondônia (13,1%) e Amazonas (8,7%).
Ao contrário de abril, quando 60% da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, o que impossibilita a observação pelo satélite, agora 63% estava livre, inclusive no Arco do Desmatamento - faixa que se estende do sul ao leste amazônico, onde são historicamente registrados altos índices de corte. Como o céu estava mais aberto, é possível que derrubadas realizadas no mês passado sejam observadas apenas agora.
De acordo com o pesquisador Adalberto Veríssimo, a queda é bem-vinda depois de sete meses de incremento (veja gráfico acima). Ele afirma que ela pode ser uma conseqüência das medidas de combate ao desmatamento anunciadas pelo governo federal, como a operação Arco de Fogo e a restrição de crédito a quem não comprovar a legalidade de suas operações. “As ações foram anunciadas no fim de janeiro, mas começaram a ser colocadas em prática somente em março”, afirma. “Mas a comprovação (de sua efetividade), mesmo, só teremos quando forem processadas as informações de junho e julho.”
O SAD é usado como termômetro pelos governos do Pará e Mato Grosso, parceiros do Imazon, e por Ministérios Públicos Estaduais. O governo federal usa outro sistema, o Deter, gerado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os dados de maio devem ser divulgados na próxima semana.
Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o desmatamento de agosto de 2007 a julho de 2008 será maior do que o do ano anterior, entre 14 mil e 15 mil km².
ÁREAS DESPROTEGIDAS
O SAD chama a atenção para o corte em áreas protegidas, especialmente unidades de conservação criadas em terras disputadas com proprietários rurais e grileiros: 19,2% do total. Só a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim (PA) perdeu 35 km² de floresta. “Muita gente acha que as reservas estão imunes, o que não é verdade”, diz Veríssimo.
O Instituto Chico Mendes, responsável pelas unidades de conservação, foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até 20 horas de ontem. Por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que os problemas fundiários na Flona têm impedido sua implementação. Ela permanece sem plano de manejo e sede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário