sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

OESP - Em evento, Lula defende agronegócio

Por Leonencio Nossa

Ao lado da ministra Marina Silva, presidente também saiu em defesa da política ‘suja’ de crescimento da China

Em meio à crise provocada pelo desmatamento na Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da pecuária, da soja e do modelo chinês de desenvolvimento. Ao falar no Fórum Global de Legisladores G-8+5, em Brasília, que reúne parlamentares ligados a questões ambientais de 13 países, no Palácio do Itamaraty, ele disse que, muitas vezes, a floresta é derrubada por pequenos agricultores. “Me incomoda muito, ministra Marina (Silva), quando viajo o mundo e alguém vem dizer: ‘Mas derrubou uma árvore na Amazônia’”, afirmou. “Entendemos muitas vezes que tem o desmatamento criminoso, que o governo está tomando medidas duras para coibir, mas tem o causado pelo pequeno produtor, que temos de dar alternativas econômicas.”

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os maiores índices de derrubada na Amazônia ocorreram, nos últimos meses de 2007, em Mato Grosso, Estado onde as propriedades são extensas e os pastos e campos de grãos seguem rumo à selva. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, responsabilizou, no dia 23, o avanço do gado e as plantações de soja pela retomada da derrubada de floresta, que caíra por três anos. Os números do instituto foram colocados em dúvida pelo governador mato-grossense e produtor de soja, Blairo Maggi (PR).

Lula rebateu críticas de que a produção de alimentos e matérias-primas para o biocombustível impulsiona o desmatamento. “Não há possibilidade de um cidadão brasileiro dizer que é preciso derrubar um pé de árvore na Amazônia para criar uma cabeça de gado ou plantar um pé de cana ou oleaginosa”, disse. “As terras brasileiras, fora a Amazônia, são suficientes para atender uma parte do mundo, nos alimentos, e uma parte das necessidades nos biocombustíveis.”

Diante de representantes dos oito países mais ricos e do Brasil, China, Índia, México e África do Sul, Lula disse que é uma “desfaçatez” países ricos não cumprirem acordos internacionais e, ao mesmo tempo, cobrarem ações de Brasil, China e Índia - nações com grandes taxas anuais de emissão de gases-estufa. “Os protocolos só servem para os pobres cumprirem e os ricos, com a maior desfaçatez, arrumam argumentos para não cumprir.”

O presidente defendeu a China, acusada por entidades internacionais de causar catástrofes ambientais em prol do crescimento econômico. “Como podemos evitar que a China se desenvolva se há pelo menos 1 bilhão de chineses que precisam comer? Os países pobres precisam ter muito cuidado, porque, nós que somos vítimas do desmatamento e do aquecimento global, iremos mais uma vez pagar a conta.”


Identificados líderes de ato no PA
Por João Domingos

O governo já identificou os líderes de madeireiros e fazendeiros que desmatam ilegalmente a Amazônia e têm incitado a população a atacar agentes da Polícia Federal e do Ibama na véspera da deflagração da Operação Arco de Fogo, nome dado à grande mobilização repressiva planejada para os próximos dias. Os nomes e endereços de todos estão com a PF. Assim que a operação começar, devem ser presos se insistirem em resistir à ação do governo.

Depois de assistirem a filmes dos tumultos ocorridos desde terça-feira na cidade de Tailândia, cerca de 150 km ao sul de Belém, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, delegados da PF, agentes do Ibama e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), além de representantes do Ministério da Justiça, trataram ontem dos últimos preparativos para a operação.

Foi decidido que os agentes deverão evitar conflitos com a população. Uma das formas será tentar fazer com que a população fique ao lado das forças de segurança.

Os madeireiros têm dito que o governo promove desemprego ao fechar serrarias. O governo deverá responder que são os madeireiros que provocam desemprego, uma vez que destroem a floresta.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou ontem que conflitos por causa da repressão à derrubada da floresta são comuns. “De certa forma, já temos know-how em lidar com tumultos como esses que ocorreram em Tailândia. Graças a Deus e a muito trabalho, em nenhum caso aconteceram problemas de violência. Claro que temos tido o cuidado de retirar nosso pessoal do sufoco assim que há confusão.”

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