sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Globo - Madeireiros dizem que população reagirá a operação em Mato Grosso

Evandro Éboli e Ronaldo Brasiliense
Enviados especiais

Conselho Monetário Nacional restringe crédito para fazendeiros da Amazônia

SINOP (MT) e TAILÂNDIA (PA). A poucos dias do início das ações dos agentes da PF e da Força Nacional de Segurança em Mato Grosso, o clima no estado é de apreensão e revolta. Os madeireiros prevêem reação da população, e anunciam que vão demitir funcionários quando a operação Arco de Fogo tiver início.

O empresário Rogério Luiz Rodrigues, que já foi autuado pelo Ibama acusado de extração ilegal de madeira, afirmou que as cenas vistas em Tailândia, com ataques a fiscais e policiais, podem se repetir em Mato Grosso.

Rodrigues disse que já preparou os avisos prévios para demitir 40 trabalhadores, dos 50 que emprega na Madevale, sua madeireira em Sinop.

— Aqui não vai ser diferente de Tailândia. A reação das pessoas pode ser da mesma forma.
O governo está impondo regras muito duras para a extração de madeira. Onde vai se colocar os funcionários que vão perder seus empregos? Espero que não ocorra violência — disse.

O empresário já foi autuado várias vezes pelo Ibama. A última multa, de R$ 90 mil, foi aplicada anteontem. Em Tailândia, onde cerca de 2.000 trabalhadores foram demitidos, o prefeito Paulo Jasper (PSDB) distribuiu ontem cestas básicas aos desempregados pelas madeireiras.

Longas filas se formaram em frente à residência do prefeito.

A operação Arco de Fogo apreendeu ontem entre 800 a mil toras estocadas a 34 quilômetros do centro de Tailândia. A madeira teria sido depositada em dezembro nas terras do agricultor Samuel Barbosa por um madeireiro de Goianésia (PA), que prometeu retirá-la em semanas.

Em Brasília, o Conselho Monetário Nacional aprovou as regras mais rígidas para a concessão de crédito rural para donos de propriedades da Amazônia. A partir de agora, como já havia sido anunciado pelo governo, os fazendeiros terão de provar a regularidade ambiental das propriedades para obter recursos públicos. As medidas passam a ser obrigatórias no dia 1º de julho.

Mas os bancos podem aplicálas a partir de 1º de maio.

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