sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

OESP - Em estudo, bolsa para demitidos por madeireiras

Ministra diz em evento do ‘Estado’ que benefício será para baixa renda

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse ontem em São Paulo que o governo estuda criar um mecanismo de auxílio aos trabalhadores de baixa renda da Amazônia que hoje trabalham em atividades ilegais, como na extração de madeira sem autorização. “Estamos trabalhando na proposta de uma bolsa de serviços ambientais para os que ficarão desempregados saírem dessas práticas ilegais.”

A ministra falou durante o fórum organizado pelo Estado no Museu Brasileiro da Escultura (MuBe), que abriu a exposição Amazônia Sem Retoques, com fotografias produzidas para a revista Grandes Reportagens - Amazônia, publicada no dia 25 de novembro e ainda à venda nas principais bancas da Grande São Paulo. A mostra é patrocinada pelo Bradesco.

Além de Marina, também participaram do evento o secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana, o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, e os jornalistas Paulo Sotero e Washington Novaes, colunista do Estado.

“Estamos criando um caminho de saída. O governo federal, com os governos estaduais, está trabalhando em uma espécie de defeso na floresta, a exemplo do que temos com o período de defeso na pesca e o seguro-desemprego, algo que possibilite renda para essas pessoas não dependerem dos postos de trabalho nessas práticas ilegais”, afirmou Marina.

Segundo ela, o mercado não tem capacidade hoje para absorver os empregados que trabalham em serrarias ilegais na Amazônia. “Perguntei para um prefeito quantas serrarias havia ali. ‘700.’ ‘Quantas o senhor tem agora?’ ‘270.’ Perguntei para o pessoal da parte técnica: ‘Há suporte para 270?’ Não.”

O plano é uma reação a conflitos ocorridos na semana passada em Tailândia (PA). Madeireiros autuados por extração ilegal mobilizaram a população para evitar a retirada da madeira pelo Ibama. “Aquelas pessoas são, na maioria das vezes, incitadas a se colocarem contra a fiscalização.”

Para Virgílio Viana, é preciso criar mecanismos de valorização da árvore em pé, não derrubada. “Precisamos criar uma lógica econômica. A história da política ambiental é a de fazer regras, aplicar multas e fazer apreensões”, diz. “O desafio é fazermos uma profunda revolução no conceito de desenvolvimento, valorizando economicamente a floresta.”

SUSTENTABILIDADE

A ministra defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há 15 dias disse que a “Amazônia não é um santuário”. Segundo ela, Lula defendia um modelo de desenvolvimento sustentável. “A visão retrógrada, que acha que se pode sacrificar os recursos de milhares de anos pelo lucro de apenas alguns anos, é ainda forte na Amazônia. Mas hoje você não tem mais a resistência”, disse.

http://www.estado.com.br/editorias/2008/02/29/ger-1.93.7.20080229.4.1.xml

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