sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Folha - O erro de Marcelândia

Editorial

COMEÇA A contar segunda-feira o prazo de 30 dias para recadastramento de grandes propriedades rurais nos 36 municípios que mais desmatam na Amazônia Legal. Com a localização precisa desses imóveis, o governo federal planeja cotejá-los com imagens de satélite de áreas devastadas, para identificar responsáveis. É o Estado que chega, enfim, aos grotões do país, mas não sem encontrar resistência.

Marcelândia, em Mato Grosso, encabeça a lista. No Estado governado por Blairo Maggi (PR-MT), aliado de Lula, estão outros 18 municípios da relação. É o campeão.
Não estranha, assim, que a Secretaria estadual de Meio Ambiente tenha saído em defesa de Marcelândia. Alardeou-se erro "de 100%" nas áreas ali desmatadas no período recente, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). As matas estariam todas de pé.

Ceticismo é o mínimo recomendável diante da alegação mato-grossense. Em primeiro lugar, o governo de Maggi não se queixava quando o Inpe ainda apontava queda no desmate, só após o recrudescimento flagrado por satélites. Depois, é sintomático acusar o erro crasso bem na véspera da exigência federal.

O Inpe tem duas décadas de aplicação do sensoriamento remoto em vigilância da floresta. Destaca-se como liderança mundial no setor. Não está isento de falhas, decerto, mas controvérsias metodológicas como essa se resolvem com dados escrutinados por especialistas independentes, não técnicos a mando do governador interessado.

A tarefa que se impôs o governo federal nada terá de pacífica. O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) publicou relatório segundo o qual, em 2003, o Incra tinha 302 mil registros de posse -cerca de 42 milhões de hectares, ou 23,7% da área de imóveis rurais amazônicos cadastrados- sem documentação oficial.

São terras públicas ocupadas de modo indevido, em área equivalente aos territórios de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Paraíba. A coisa certa a fazer, ali, é retomar a terra ou exigir pagamento por ela. Impor a lei, enfim, como já se faz com a apreensão da madeira ilegal em Tailândia (PA).

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2902200802.htm

2 comentários:

Anônimo disse...

Os que querem favorecer os americanos e europeus é que fala que Marcelândia está no todo do desmatamento na Amazônia. Engraçado os boys que ficam em seus escritórios no ar condicionado, acha que o satélite conseguem ver tudo, mas também os funcionários se mostram incompetentes em seus cargos ou até com o sistema que eles operam. Na verdade Marcelândia tem 75% de FLORESTAS em PÉ. Voces precisam fazer vistorias IN LOCO para ter certeza do que falam sobre nossa cidade.

marcelandiaverde disse...

quando eu penso em mata Atlântia eu vejo cavaiais. agora para desviar a atenção do etanol, os poderosos tentao nos atacar, dizendo que incendio em pasto é destruição da floresta. somos trabalhadores e cuidamos das nossas florestas.