Por Gustavo Miranda, do estadao.com.br, com Reuters
Em maio, Deter detectou 1.096 km² de área desmatada, diante de 1.122 km² durante o mês de abril
SÃO PAULO - Meses depois de adotar uma série de medidas para ampliar a proteção da Amazônia e evitar o desmatamento na área – um dos maiores redutos de diversidade de plantas e animais do mundo – os reflexos ainda não podem ser sentidos. A conclusão pode ser tirada depois da divulgação, nesta terça-feira, 15, de um relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostra que, em maio deste ano, 1.096 km² foram desmatados na região. O relatório de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) ficou quase dois meses 'confiscado' no Ministério da Casa Civil, onde passou por uma revisão.
O número revela uma variação quase nula se comparada com os números de abril, últimos a serem divulgados - foram 1.122 km² desmatados.
Em maio, no entanto, a área que pôde ser vista pelo sistema Deter foi maior, já que 46% da área monitorada estava coberta por nuvens, contra 53% em abril.
Assim como no levantamento anterior, Mato Grosso foi o campeão de desmatamento na Amazônia Legal. Desta vez, no entanto, o Estado registrou queda de 19% na área desmatada: 794 quilômetros quadrados em abril contra 646 quilômetros quadrados em maio.
Já o Pará viu sua área desmatada saltar de 1,3 quilômetro quadrado, em abril, para 262 quilômetros quadrados em maio. Com isso, o Estado assumiu o segundo posto no ranking de desmatamento da Amazônia, deixando para trás Roraima, vice-campeã do desflorestamento em abril e que, em maio, registrou desmatamento de 97,9 quilômetros quadrados.
"O aumento no Pará se explica pela área coberta por nuvens. Enquanto em abril apenas 11% do Pará pôde ser visto pelos satélites, em maio a observação aumentou para 41% da área do Estado", informou o Inpe, em seu site.
O Maranhão foi o quarto Estado que mais desmatou em maio, seguido de Amazonas, Acre e Tocantins.
Entre as medidas adotadas pelo governo para conter o desmatamento na Amazônia, depois de uma série de elevações na área devastada registarda desde o final de 2007, está a limitação de crédito agrícola para desmatadores, além de anistia para desmatadores que voltarem a reflorestar a área.
A qualificação dos dados do Deter de maio foi realizada utilizando como referência um conjunto de 18 cenas do sensor de satélite TM/Landsat, a maioria do final do mês de junho ou início de julho de 2008, localizadas no Estado do Mato Grosso, Pará, Amazonas e Rondônia.
Foram avaliados 241 alertas, os chamados polígonos de desmatamento, representando 544 quilômetros quadrados, ou 49,6% da área total dos polígonos indicados pelo Deter no mês de maio. Do total avaliado, 88,3% da área dos alertas foi confirmada como desmatamento e 11,7% não apresentou indícios de desmatamento e foi contabilizada como não confirmada.
As áreas classificadas como floresta degradada de alta intensidade representaram 23% da área de alerta, e as de intensidade moderada e leve totalizaram 6%, demonstrando que estágios iniciais e intermediários de degradação não são detectados com a mesm eficiência pelos satélites.
Há dez dias, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que houve interferência da Casa Civil para retardar a divulgação de dados sobre o desmatamento no País, prevista para maio. Minc disse que obteve informações de que o objetivo do governo era aguardar os dados de desmatamento fornecidos também por Embrapa, Ibama e pelos próprios Estados.
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