Ex-ministra Marina Silva tenta preservar áreas de floresta, mas é derrotada por líder governista
BRASÍLIA e CURITIBA. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT) dividiu a base do governo no Senado, ontem, durante a votação da medida provisória que muda a Lei de Licitações para permitir a ampliação da venda direta de terras da União na Amazônia de 500 para 1.500 hectares. Com o apoio de senadores da oposição e da base, Marina tentou convencer o relator do projeto de conversão, o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), a aceitar emenda para excluir da venda sem licitação as áreas de floresta.
Sem sucesso. Jucá permaneceu irredutível, alegando que em Roraima, seu estado, há uma verdadeira conflagração por causa da dificuldade de regularização fundiária. Apesar do apoio do PSDB e da maioria do PT e de outros partidos a Marina, o projeto de conversão de Jucá foi aprovado, com a ajuda do DEM, por 37 votos a 23.
Marina disse que a MP não foi discutida com o Ministério do Meio Ambiente e pode provocar danos ambientais na Amazônia.
— Estamos abrindo as portas para que as pessoas continuem grilando e depredando as florestas. É dar uma senha para que continuem invadindo a Amazônia — acusou ela.
— Não é porque a senadora Marina deixou de ser ministra que o presidente Lula vai vender a Amazônia. Tudo vai ser feito com responsabilidade — respondeu Jucá.
A senadora Ideli Salvatti (PTSC), líder do PT, não obteve sucesso no apelo para que a MP tivesse a votação adiada. O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), encaminhou favoravelmente à aprovação da MP. E ironizou a divisão do governo: — Estamos vendo uma discussão inusitada: governo contra governo, Kramer versus Kramer.
Seis pessoas foram presas ontem em São Paulo acusadas de roubar madeira de áreas de reflorestamento no Paraná. Um dos presos é o empresário Arthur Berni Neto, diretor da empresa Tudo Verde Agropecuária, que comandaria o esquema. Ele já tem antecedentes criminais por furto qualificado, estelionato e formação de quadrilha.
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