quinta-feira, 17 de julho de 2008

O Globo - Grupo queria vender títulos na Amazônia

Por Henrique Gomes Batista e Leila Suwwan

Para a PF, negociações visavam a explorar terras com fins comerciais

BRASÍLIA. O inquérito da Polícia Federal (PF) revela que o grupo Opportunity planejava, em junho, transformar a Amazônia em negócio. Bernardo Rodemburgo, filho de Verônica Dantas e Carlos Rodemburgo, estudava negociar, segundo emails interceptados, forma de vender títulos que garantiriam que áreas da floresta seriam preservadas. Para a PF, por trás dessa negociação, estava a exploração das terras com finalidade comercial.

Havia negociações com a Rain Trust Foundation, instituição internacional.
As negociações visavam a criar uma cooperação com esta instituição. A Rain Trust vende pela internet a proteção de um acre (4.064 metros quadrados) de floresta amazônica brasileira por US$ 250.

Essa operação, em estudo pelo Opportunity, é muito semelhante à noticiada pela coluna “Panorama Político” do GLOBO de 20 de maio. O jornal noticiou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigava uma instituição dirigida por um empresário sueco que vendia pedaços da Amazônia a estrangeiros, mas com a intenção verdadeira de extração comercial de madeira das terras.

Estudos do grupo Cool Earth, segundo a coluna, apontavam que, para proteger toda a Amazônia brasileira, seriam necessários cerca de US$ 50 bilhões.
No material recolhido pela PF, Bernardo faz referência a uma reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, que teve a coluna como ponto de partida.

Em e-mail enviado a um interlocutor em 2 de junho, Bernardo quer saber como andam as conversas sobre o negócio: “Houve uma reunião aqui com esse cara: www.raintrust.org.
Ele está desenvolvendo uma idéia muito similar à nossa para a Amazônia. Não tenho certeza, mas segundo fala está indo bem.

Como é que a gente pode avançar nos projetos? O Ben (alguém ligado à instituição) captou dinheiro para o fundo dele? Já temos muita floresta...”.
Opportunity é investigado por negociações no Norte A PF não detecta mais detalhes.
A fundação não foi localizada: o site não tinha número de telefones disponíveis e o e-mail não funcionava. O Opportunity é investigado por negociações na Região Norte.

Segundo o inquérito, existiria uma “conexão agrária” do esquema — a área agropecuária do Opportunity é comanda pelos pais de Bernardo. Em conversas, há indícios de que os negócios no Pará, principalmente de criação de gado, levam a ligações políticas do banqueiro.

Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado e ex-deputado, surge, segundo investigações, como intermediador político em 7 de abril, quando pede a Rodemburgo cópia da notificação recebida sobre “suas fazendas no Pará”. Para a PF, a finalidade era “intermediar junto ao governo do estado”. Neste caso, comandado pela governadora petista Ana Júlia Carepa.

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