Por Flávio Freire
Como em abril, Mato Grosso foi responsável pela maior área devastada na Amazônia: 646 quilômetros quadrados
SÃO PAULO. A Floresta Amazônica continua registrando índices alarmantes de desmatamento.Em maio, uma área de 1.096 quilômetros quadrados, o que equivale ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro, foi devastada.Os dados constam de um relatório elaborado a partir do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Do total desmatado nesse período, o estado de Mato Grosso é responsável pela maior fatia: 646 quilômetros.O volume de desmatamento em maio é ligeiramente inferior ao registrado em abril, quando foram destruídos 1.123 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica — 794 deles em Mato Grosso.O Deter, entretanto, ressalvou que, por causa das chuvas e da menor intensidade de nuvens no céu, foi possível monitorar mais áreas em maio do que em abril. Segundo o sistema, apenas 46% da área monitorada em maio estavam cobertos por nuvens.Já no mês anterior, a visibilidade estava comprometida em 53%.
No Pará foi registrado um salto significativo no desmatamento: subiu de 1,3 quilômetro quadrado para 262 quilômetros quadrados devastados de abril para maio. O estado assumiu, assim, o segundo lugar no ranking de desmatamento da Amazônia, superando Roraima, que tivera o segundo maior registro de desflorestamento em abril.
Em maio, visibilidade da situação do Pará foi melhor Segundo o Inpe, o aumento está relacionado à visibilidade: “O aumento no Pará se explica pela área coberta por nuvens.
Enquanto em abril apenas 11% do Pará puderam ser vistos pelos satélites, em maio a observação aumentou para 41% da área do estado”, informou o órgão em sua página na internet. Em maio, Roraima teve 97,9 quilômetros quadrados de áreas devastadas.
Segundo o Inpe, a qualificação dos dados do Deter de maio foi realizada usando como referência um conjunto de 18 cenas captadas pelo sensor TM/Landsat. Foram localizadas áreas desmatadas também no Estado do Amazonas.Do total avaliado, 88,3% dos alertas dados pelo Deter foram confirmados como desmatamento — dos 1.096 quilômetros quadrados desmatados de Floresta Amazônica, 59,5% foram classificados como corte raso e 28,8% como área totalmente degradada — e 11,7% apresentaram indícios de desmatamento que não foram confirmados.ONGs criticam atraso na divulgação de dados Existe uma polêmica em torno da divulgação dos dados sobre o desmatamento da região.
Inicialmente, os números seriam apresentados há três semanas, já que normalmente são totalizados 15 dias depois do fim do mês analisado. Algumas organizações não-governamentais ligadas ao setor do meio ambiente protestaram em relação ao atraso.
— O governo não está sozinho no monitoramento por satélite sobre desmatamento.
Mesmo que quisessem esconder, não conseguiriam — disse o diretor do Greenpeace, Paulo Adário.— É um retrocesso quando ameaçam a transparência dos dados, ainda mais quando se trata de uma questão vital — disse a coordenadora do WWF em Rondônia, Ana Euler.
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