quarta-feira, 30 de julho de 2008

Folha - Desmatamento na Amazônia cai, diz Inpe

Por MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Queda nas 36 cidades que mais desmatam foi de 52% em maio e junho, em comparação com o mesmo período de 2007

Devastação em junho foi de 870,8 km2, uma queda de 20,05% em relação a maio; governo atribui redução a medidas adotadas em 2008

Os 36 municípios que mais desmatam a Amazônia registraram queda de 52% na área de devastação no último bimestre (maio e junho), em comparação ao mesmo período do ano passado. Apresentado ontem, o resultado foi atribuído às medidas de combate ao desmatamento adotadas no início do ano e que levaram ao embargo de uma área equivalente a 70% da cidade de São Paulo, além da suspensão de mais de mil certificados de propriedade, com o conseqüente corte de crédito.

"Nada aconteceu por acaso: o desmatamento caiu onde a gente foi em cima", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), ao analisar os dados do desmatamento de junho, divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em junho, o Deter (sistema de detecção de desmatamento em tempo real) captou a devastação de 870,8 km2, mais de duas vezes a área da baía da Guanabara. Embora o Deter não meça com precisão a área de desmatamento, os números representam uma queda de 20,05% em relação a maio.

A queda mais importante aparece na comparação com junho de 2007: 37,7%. Essa redução é relevante porque foi registrada em um mês de desmatamento alto e quando havia poucas nuvens na região: 72% da Amazônia estava livre para a observação, diz o Inpe.
Outro dado importante na análise é que o desmatamento diminuiu mesmo com os preços de commodities como carne e soja continuarem em alta. Tradicionalmente, esses preços colaboram para o aumento do ritmo das motosserras.

Em junho, Mato Grosso registrou a maior queda no desmatamento (69,5% em relação a maio). Mas o Estado ainda concentra 57% da devastação acumulada desde agosto.
Com base nos números de junho, Minc voltou a rever a projeção para a taxa anual de desmatamento, que será divulgada no segundo semestre. O ministro estima que a devastação da floresta entre agosto de 2007 e julho de 2008 alcance 12 mil quilômetros quadrados. O número ainda supera os 11,2 mil quilômetros quadrados do ano anterior e interrompe a tendência de três anos consecutivos de queda na taxa.

Nos 36 municípios que concentraram as ações de combate ao desmatamento, a queda no ritmo da devastação foi comemorada por Minc. O Ibama calcula que 20 mil cabeças de gado tenham sido retiradas de áreas de desmatamento ilegal ou de preservação, em conseqüência da Operação Boi Pirata. Na região da Terra do Meio (PA), a devastação em 2008 foi 80% menor do que no ano passado. Em Juará (MT), o desmate registrou queda de 84%.

Segundo o Ibama, neste ano foram embargadas 606 áreas por desmatamento ilegal. Esses locais somam 1.150 km2. Além disso, o Incra suspendeu a validade de 1.066 cadastros de proprietários de terras na região, que ficarão sem crédito.

Minc não comentou os dados divulgados anteontem pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que apontou aumento de 23% do desmatamento em junho. O Imazon usa metodologia diferente para analisar as imagens de satélites do Inpe, cuja interpretação é tida como "oficial".

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