Por Bernardo Mello Franco
Ministro, que defendeu gestão de Marina, diz que falta de servidores é a principal causa do avanço do desmatamento
BRASÍLIA. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem que 57% das reservas verdes do país não têm fiscais para impedir o desmatamento.
Segundo levantamento do Instituto Chico Mendes, o problema atinge 173 das 299 unidades de conservação federais espalhadas pelo país, a maioria na Floresta Amazônica. O apagão ambiental em regiões protegidas também deixa 82 áreas sem gestor e 96% das reservas extrativistas sem plano de manejo.
Ao divulgar os números, Minc criticou a inércia do governo para proteger as reservas, mas fez elogios à antecessora no cargo, a senadora Marina Silva (PT-AC) ao ser lembrado que suas reclamações atingiam a gestão dela.
— A ministra Marina fez o desmatamento cair por três anos consecutivos.
Para o ministro, que anunciou ontem uma série de contratações e remanejamentos de pessoal, a falta de servidores é a principal causa do avanço da devastação nas áreas protegidas.
Na edição de domingo, O GLOBO informou que 22,3% do desmatamento no ano passado aconteceram em reservas ambientais ou indígenas.
— Algo não vai bem no reino das unidades de conservação.
Não tem sentido 22% do desmatamento nas nossas unidades.
É um número brutal, dá vontade de pular sem parapente.
Nas áreas protegidas não deveria haver nenhum desmatamento. É triste, inaceitável.
Para usar um termo dos ambientalistas, é insustentável — disse Minc.
Minc diz que vai à Amazônia acompanhar operações Sem dar detalhes, o ministro informou que vai à Amazônia nas próximas semanas para acompanhar “operações pesadas” da Polícia Federal e do Ibama contra o desmatamento ilegal. Ele confirmou que o levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre a devastação em maio está retido há duas semanas na Casa Civil. Mas, contrariando a expectativa dos ambientalistas, disse que teria havido redução nas derrubadas: — Tive acesso aos dados e eles apontam redução do desmatamento em relação ao mês anterior e ao mesmo mês do ano passado, mas quem pode fazer comparações é o Inpe. Os dados estão sendo analisados pela Casa Civil e pela Embrapa.
Entre as medidas para atenuar a falta de pessoal nas áreas protegidas, Minc prometeu criar 82 cargos comissionados para zerar, até o fim do mês, o número de reservas sem gestores. Anunciou a abertura de dois cursos para formar 180 novos fiscais até o fim do ano. O ministro acrescentou que pretende incentivar a expansão do ecoturismo nos parques nacionais, já que 90% dos visitantes estariam concentrados nas florestas da Tijuca e de Foz do Iguaçu.
Após comentar a falta de planos de manejo para ordenar o uso das reservas extrativistas, o ministro fez críticas duras à lentidão do governo para garantir a proteção das dezenas de reservas criadas nos últimos anos.
— É inacreditável que, das 55 reservas, só duas tenham plano de manejo. — disse.
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