terça-feira, 22 de julho de 2008

O Globo - Bois piratas de Minc encalham na Amazônia

Por Jailton de Carvalho

Ninguém fez lance durante leilão do rebanho; para ministério, ameaça da bancada de ruralistas provocou desinteresse

BRASÍLIA. Fracassou o segundo leilão eletrônico promovido ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para vender o rebanho de 3.046 bovinos, os chamados bois piratas, apreendidos no fim do mês passado na estação ecológica Terra do Meio, no Pará.

No momento de pico, nove bolsas de mercadoria chegaram a se conectar com os computadores da Conab, mas não houve oferta de um único lance sequer.

Em nota oficial, o Ministério do Meio Ambiente aponta as ameaças de parlamentares da bancada ruralista como um dos possíveis motivos para o desinteresse dos compradores. Um novo leilão foi marcado para a próxima segunda-feira.

Para ministério, preço também atrapalhou leilão “Na avaliação do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, três fatores contribuíram para a não comercialização do gado: o preço, o custo do transporte do rebanho devido à localização e o anúncio, feito por políticos da região, de que a retirada do gado não seria pacífica”, diz nota distribuída pela pasta no início da noite.

Semana passada, o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), um dos líderes da bancada ruralista, disse em tom inflamado ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que o governo não teria sucesso na venda dos bois apreendidos.

— O senhor pode até vender os bois, mas não vai conseguir entregá-los. Nosso povo é pacífico, mas como diz o ditado: não cutuque onça com vara curta, que ela avança e morde a garganta — disse Queiroz.

Na tentativa de vencer as dificuldades de vender o rebanho, o Ibama pediu à Conab que promova um novo leilão na próxima segunda-feira. O Ibama prometeu reduzir “substancialmente” os preços apresentados. No pregão de ontem, o rebanho foi oferecido por R$ 3,151 milhões.

Ibama garante segurança ao transporte dos animais O Ibama também garantiu segurança total ao transporte dos animais, que ainda permanecem na estação onde foram apreendidos.

“Toda a segurança necessária à retirada dos animais será dada ao ganhador do leilão”, afirma o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, de acordo com a nota do ministério.

No texto, o governo afirma que o gado está com a vacinação atualizada.

O Ministério do Meio Ambiente afirma ainda que o recolhimento dos bois piratas forçou fazendeiros a retirar aproximadamente dez mil cabeças de gado da estação ecológica da Terra do Meio e, com isso, aumentou a oferta da carne bovina na região.

A manobra estaria provocando a redução do preço da carne.

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