segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Envolverde - Um clima para o mundo
Por Fabrício Ângelo, especial para IPS/TerraViva
Altas temperaturas, inundações e ciclones já são parte do cotidiano climático brasileiro, e segundo cientistas isso pode piorar se metas mais audaciosas não forem adotadas pelo governo brasileiro e a população não começar a tomar atitudes sustentáveis.
As mudanças climáticas vem sendo tema de debate em várias oficinas e palestras do Fórum Social Mundial 2009. Em 2008, o governo brasileiro lançou seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) sob uma chuva de críticas de especialistas e organizações ambientais.
Segundo Rubens Born, presidente da ONG Vitae Civilis, e um dos maiores especialistas em mudanças climáticas do país, é necessário fazer desse ano algo especial, que possamos contar com maior apoio governamental e refletir sobre processos de adaptação tanto quanto mitigatórios. “Não adianta só falar em mitigação, é importante pensarmos em nos adaptarmos aos efeitos que já estão ai e são irreversíveis,” disse.
Born afirma que esses efeitos chegaram com força, como demonstram as ocorrências de climáticas nunca vistas antes, afetando a vida do brasileiro. “Temos que ir a campo, conhecer a realidade de cada lugar, como essas mudanças atingem cada pedacinho do país. Apesar das discordâncias o plano tem sua funcionalidade. São metas tímidas, mas pelo menos elas existem o que já é um passo para a melhora do projeto”.
Ainda de acordo com ele, esse é um processo democrático onde sociedade civil e governo devem dialogar para construir algo que realmente atenda aos anseios das comunidades cientificas e sociais. “Algumas coisas realmente precisam ser revistas, em encontro com o Ministro Carlos Minc, disse que achava a meta de redução de desmatamento de 70% proposto pelo PNMC é ambiciosa, mas é insuficiente do ponto de vista ético porque significa tolerar a degradação de 5.000 quilômetros quadrados ao ano. Fizemos uma série de criticas a esse tipo de conteúdo do plano”, declarou.
Mesmo assim Rubens Born acredita que esse pode ser um gancho para cobrar de todos os ministérios um engajamento sério com os desafios de mudança de clima. “A gente sabe que o Ministério do Meio Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia já compreendem o problema, e buscar parcerias em outros que ainda não estão engajados nessa discussão como o Ministério das Cidades”, lembrou.
Para Carlos Rittl, representante da Embaixada Britânica no Brasil, que vem patrocinando estudos sobre Mudanças Climáticas, o governo deve dar prioridades aos setores mais prioritários para agir e como eles são tratadas no plano nacional. “Isso ajudará o governo brasileiro a definir onde serão aplicados os recursos destinados ao plano”. “A embaixada britânica tem trabalho conjunto com o Brasil nas áreas de energia e biocombustíveis, além de outras áreas tentando promover e fortalecer esse debate, trabalhando de maneira coordenadora para que se chegue ao melhor acordo possível entre os países na COP 15 em Copenhague ”, ressaltou.
Flavia também citou as oportunidades de propor novas idéias, utilizando o estatuto das cidades. “Com certeza alguns dos instrumentos da reforma urbana podem servir para tratar a questão climática. É imperativo aproximar nossos estudos ao das questões climáticas”, enfatizou.
Imprescindível a participação do Ministério da Fazenda no planejamento climática do país. “Eles podem ser o ponto de partida para que os outros setores do governo participem mais ativamente da construção das ações. Só com recursos é que conseguiremos levar os instrumentos sugeridos pelo plano aos governos municipal e estadual”, ressaltou Neilton Fidélis, assessor do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC).
Já o estudante da USP/Esalq, Marcos Queiros, a ideia de mudanças climáticas ainda está muito longe dos jovens. “Conheci a questão climática na faculdade porque uma professora que trabalha com meio ambiente levou um grande especialista para nos dar uma palestra. Gostei bastante e penso que podemos trabalhar com políticas mitigatórias ou adaptativas dentro do espaço da universidade, atingindo os jovens que ainda não entendem bem os efeitos desse desastre natural”, sugeriu.
Rubens Born afirmou que o grande desafio é a criação dos planos de mudanças climáticas regionais, envolvendo as esferas políticas de cada cidade do Brasil. “Em algum momento o país deverá ter compromissos internacionais muito mais arrojados do que tem no momento, incluindo a questão urbana com mais enfase no processo”, finalizou.
(Envolverde/IPS/TerraViva)
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