Por Carlos Albuquerque
País continua desmatando, mas exporta tecnologia de monitoramento
Apesar de ainda não conseguir conter seus níveis de desmatamento, que o colocam no quarto lugar entre os países que mais contribuem para o aquecimento global, o Brasil paradoxalmente exporta know how na área de monitoramento de áreas florestais devastadas.
De hoje até sexta, mais de 30 países vão participar de um encontro no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, para aprender mais sobre os sistema de avaliação do desmatamento por satélite, criados pela instituição e considerados uma referência mundial.
Área fundamental para atrair financiamentos A reunião vai servir também para que Indonésia, México, Panamá, Paraguai, Suriname, Costa Rica e Vietnã, entre outros participantes, discutam o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação em Países em Desenvolvimento), que deve ser um dos temas-chave da próxima reunião da ONU sobre clima, que vai acontecer no fim do ano, em Copenhague.
—É importante ressaltar que esse encontro não é uma iniciativa brasileira — explica Thelma Krug, assessora de Cooperação Internacional do Inpe.
— Ele surgiu a pedido desses países, da chamada Coalizão das Florestas, com o apoio da Alemanha, que está patrocinando o encontro.
O objetivo da reunião é fornecer informações e compartilhar conhecimento técnico para que esses países possam desenvolver seus próprios programas de monitoramento, tendo como referência sistemas como Prodes (considerado o maior programa de acompanhamento de florestas do mundo), Deter (de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) e o recente Degrad.
— De certa forma, estamos botando em prática o conceito de transferência de tecnologia — diz Thelma. — O tema REDD é muito importante porque esses países precisam de sistemas confiáveis e transparentes, como os nossos, para que possam receber algum tipo de investimento para a contenção do desmatamento. E nenhum país financiador vai colocar dinheiro sem poder acompanhar esse processo e ter a certeza de que está fazendo um investimento correto.
Thelma cita como (bom) exemplo da evolução do monitoramento brasileiro o sistema Degrad, que classifica como “bárbaro”.
— Os sistemas antigos mostravam as áreas já desmatadas da floresta. O Degrad permite que se descubra áreas que ainda estão sendo alteradas, de modo que o processo possa ser interrompido. É uma grande evolução — conta. — O que queremos é que esses países possam construir seus sistemas e desenvolver políticas próprias para coibir o desmatamento.
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