Por ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Calendário inclui, no Brasil, ato por direitos das mulheres e semana contra capitalismo
Conselho Internacional se reúne hoje e amanhã para avaliar evento, que ocorreu em Belém e que deverá ser descentralizado em 2010
Na tentativa de combater a principal crítica que sofre desde sua criação, em 2001, a de ser pouco resolutivo, o Fórum Social Mundial terminou com uma "assembleia das assembleias" que definiu uma agenda de mobilizações para 2009.
Como a organização do evento tem em sua carta de princípios a decisão de não adotar posições oficiais, para não forçar um consenso, a assembleia final ouviu movimentos sociais e outras entidades. Os protestos serviriam para "marcar posição" e tentar influenciar governos para que optem por alternativas a políticas consideradas globalizantes e neoliberais.
Dentre as ações que devem ocorrer ainda neste ano estão um ato pelo direito das mulheres, no dia 8 de março; uma semana de protestos contra a guerra e o capitalismo, entre 28 março e 6 de abril; e uma ação em defesa do ambiente e dos índios, em 12 de outubro. Fora do Brasil também devem ocorrer manifestações durante o Fórum Mundial das Águas, a ser realizado em Istambul, na Turquia, e para pressionar países a agir contra as mudanças climáticas, durante a próxima Conferência do Clima da ONU.
Cândido Grzybowski, um dos organizadores do fórum e diretor do Ibase (Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica), fez uma avaliação do evento, que teve 133 mil participantes de 142 países. Para defender a ausência de resoluções oficiais, ele disse que o FSM não pretende "fazer a velha política", em que uns definem o que é prioridade para outros.
Já o sociólogo Emir Sader viu com frustração o resultado. "Há um certo sentimento de frustração em relação ao que o fórum poderia dizer o mundo, mas parece que está girando em falso." Ele defende mais espaço para governos e movimentos sociais no evento e criticou o excesso de ONGs. "Onde estão as massas nas ruas mobilizadas pelas ONGs? Quem faz o fórum são os movimentos populares. Elas [ONGs] têm lugar, mas o protagonismo tem que ser dos movimentos sociais", afirmou.
Para Oded Grajew, um dos idealizadores, o calendário reforça o motivo que fez o encontro sair de Porto Alegre, onde nasceu, e trocar de cidade a cada edição. "A ideia é espalhar."
O Conselho Internacional do FSM se reunirá hoje e amanhã para avaliar o evento. Já está definido que em 2010 o evento será descentralizado, com um dia de desmobilização global. Um FSM único voltará a ocorrer em 2011, provavelmente na África. Outra possibilidade aventada no último dia é promover um evento nos EUA.
Com Barack Obama, afirmou Grajew, a ideia ganha força. "Sempre foi um obstáculo fazer isso lá, por causa de [George W.] Bush. Havia uma criminalização dos movimentos sociais." O país deve sediar, na metade de 2010, o 2º Fórum Social dos EUA, aplacando, assim, a vontade daqueles que querem levar o FSM global ao país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário