quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Envolverde - Floresta Amazônica pode ficar mais seca, mas sobreviverá ao aquecimento
Por Alister Doyle*
A floresta Amazônica pode ser menos vulnerável ao aquecimento global do que se temia, pois muitas projeções subestimam a precipitação, mostrou um estudo.
O relatório produzido por cientistas britânicos também disse que o Brasil e outros países da região terão que agir para reverter a morte irreversível do leste da Amazônia, a parte que corre mais riscos com as mudanças climáticas, desmatamento e incêndios.
“O regime de chuvas no leste da Amazônia deve mudar ao longo do século XXI em uma direção mais favorável a florestas sazonais do que savanas”, escreveram no periódico norte-americano Proceedings of the National Academy of Sciences desta semana.
As florestas sazonais possuem tempo seco e úmido ao invés das atuais características da floresta tropical, que é permanentemente úmida. Esta mudança pode favorecer novas espécies de árvores, plantas e animais.
As conclusões contrastam com projeções anteriores que diziam que a Amazônia poderia morrer e ser substituída por uma savana.
Um relatório de 2007 do Painel Climático da ONU, que reúne os principais climatologistas do mundo, dizia que “até a metade do século, aumentos na temperatura e a redução associada da água no solo devem levar a uma substituição gradual da floresta tropical por savana no leste da Amazônia”.
O novo estudo demonstra que todos os 19 modelos climáticos globais subestimam a precipitação na maior floresta tropical do mundo após compará-los com observações do clima durante o século XX.
A media anual de chuvas nas florestas baixas da Amazônia é de 2.400 milímetros e, por isso, mesmo com as projeções de redução das chuvas, a região ainda seria úmida o suficiente para sustentar uma floresta. Os especialistas também examinaram estudos de campo sobre como seria a reação da Amazônia à seca. A conclusão foi que as florestas sazonais seriam mais resistentes a secas ocasionais, mas mais vulneráveis aos incêndios do que a atual floresta.
“A maneira fundamental para minimizar o risco de morte da Amazônia é controlar as emissões globais de gases do efeito estufa, especialmente resultantes (do uso) de combustíveis fósseis nos países desenvolvidos e na Ásia”, comentou o principal autor do estudo Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford.
Mas ele argumenta que os governos liderados pelo Brasil também precisam gerenciar melhor as florestas. “O aquecimento global é acompanhado de uma pressão sem precedentes sobre a floreta tropical através da exploração da madeira, desmatamento, fragmentação e uso do fogo”, escreveu o cientista.
Os incêndios, incluindo os causados por relâmpagos, devem causar mais danos às florestas já fragmentadas pelas estradas ou por fazendeiros abrindo espaço para cultivos, como a soja.
* Fonte: Reuters. Traduzido por Fernanda B Muller, CarbonoBrasil.
(Envolverde/CarbonoBrasil)
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