sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Envolverde - Embrapa estuda impactos da bubalinocultura na Amazônia


Por redação Agência Amazônia

Pesquisa é iniciada pela Embrapa Amapá, onde o rebanho búfalos é de cerca de 200 mil animais.

MACAPÁ, AP — Uma pesquisa científica iniciada pela Embrapa Amapá vai identificar impactos ambientais decorrentes da criação de búfalos em áreas alagadas de Pracuúba, Amapá e Cutias do Araguari. Os três municípios concentram o rebanho bubalino do Amapá, estimado em cerca de 200 mil animais. Na área será feita uma avaliação das alterações na vegetação nativa e nos solos, explica o pesquisador Alexandre Uhlmann.

Como o conhecimento sobre o assunto é incipiente e a mensuração dos impactos nunca foi feita nestas áreas, a pesquisa é uma importante contribuição da Embrapa para dar início ao monitoramento e prevenção em uma escala mais ampla no Amapá.

Uhlmann elaborou um plano de trabalho baseado em indicadores sobre o incremento da bubalinocultura, a baixa tecnologia utilizada e os impactos localizados. A Embrapa já possui informações acerca dos danos provocados na região pela criação de búfalos sem uso de manejo, mas vai aprofundar os estudos. A finalidade é buscar embasamento científico para ações de planejamento.

“Pretendemos dar melhor direção que tornem compatíveis, ou menos impactantes, as atividades produtivas. Os resultados darão embasamento para políticas públicas que visem conciliar a atividade econômica com a conservação dos recursos naturais”, explica Uhlmann, doutor em Biologia Vegetal.

Inicialmente, serão feitas descrições das estruturas da vegetação de campos alagáveis sujeitas ou não ao pastejo por búfalos. As descrições serão ao longo da bacia dos rios Flexal e Araguari. Será feita também avaliação das propriedades dos solos nas áreas com e sem intervenção da bubalinocultura, assim como a caracterização das alterações na estrutura das comunidades vegetais provocadas pelo pastejo em áreas de campos alagáveis.

Os campos alagavam do Amapá são expressivos: abrangem quase 16 mil km². Eles se caracterizam por amplas planícies sujeitas ao alagamento durante a estação chuvosa. Por isso, abrigam uma vegetação formada por espécies muito particulares a este ambiente.

Projeto amplo


A pesquisa é parte integrante de um projeto mais amplo, do qual também participam os pesquisadores Ana Elisa Alvim Dias Montagner e Adilson Lopes Lima. A dupla atuará em pesquisas sobre a capacidade de carga dos pastos nativos sujeitos à atividade de criação de búfalos. O projeto é realizado por meio de parceria entre a Embrapa Amapá, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap). Sua finalidade é identificar as espécies das pastagens nativas dos campos inundáveis, seu potencial produtivo, a capacidade de suporte, os aspectos relacionados com os impactos ambientais da bubalinocultura.

Em outubro do ano passado, técnicos das três instituições iniciaram o trabalho de campo. Fizeram visitas técnicas aos experimentos e a coleta de pastagem. O projeto tem prazo de três anos para ser concluído. Os passos futuros deverão exigir mapeamentos de zonas de fragilidade ambiental para que possam gerar planos mais eficazes de controle dos impactos ambientais.

(Envolverde/Agência Amazônia)

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