Por Flávio Bonanome
Documento divulgado pelo Pnuma traz dados sobre a inviabilidade do modelo atual de exploração da floresta e suas conseqüências para a vida do bioma.
Segundo um relatório publicado nesta quarta-feira (18) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o desmatamento da Amazônia já provocou a extinção de 26 espécies de animais e plantas e colocou outras 644 em risco. O documento foi divulgado durante o 24° encontro do Pnuma, que acontece em Nairóbi, Quênia até sexta-feira (20).
O balanço tem como foco o período até 2005 e leva em conta os dados do desmatamento e a demanda de mercado por produtos oriundos da floresta. Segundo o estudo, só neste período, a floresta já perdeu cerca de 857 milhões de quilômetros quadrados (17% de sua vegetação original), uma área equivalente a 94% do território da Venezuela.
O Pnuma destaca no documento diversos diferentes fatores para o aumento do desmatamento, divididos em internos, desencadeados pelo próprio país que abriga a floresta, e externos, relativos a demais fatores ambientais.
Dentre os fatores internos, destaca-se o crescimento urbano da região amazônica. Segundo o relatório em quatro dos nove países estudados, mais de 50% da população amazônica está alocada em áreas urbanas. Além disso, o documento mostra que o crescimento das populações da região, em todos os países que abrigam a floresta, supera a média nacional de cada um dos Estados.
No quesito de fatores externos, o documento coloca o aquecimento global como principal causa para o desbalanceamento do regime de chuvas na região, prevendo uma savanização de 60% do território da floresta ainda para este século.
Questão Econômica Além dos dados relativos ao desmatamento e preservação da floresta, o relatório do Pnuma faz uma análise aprofundada dos fatores sócio econômicos de produção na região e como eles poderiam aliar-se com a conservação. Segundo o documento, uma redução de 5% nas taxas de desmatamento durante 30 anos, poderia render até U$ 6,5 bilhões para os países que abrigam a floresta.
Focando nesta questão, o Pnuma ainda traz dados que revelam a inviabilidade da manutenção do atual sistema de exploração da floresta em desarmonia com a preservação de seus recursos. A continuidade do atual sistema produtivo poderia representar a perda de 55% de toda a cobertura vegetal da Amazônia, sendo que 30% de área desmatada já seria suficiente para desorganizar de maneira fatal o regime de chuvas na região.
Finalmente, o relatório concentra sua parte conclusiva na sugestão de políticas e metodologias para combater o avanço dos dados criticados por ele mesmo. Entre as medidas sugeridas está a melhoria das políticas governamentais com a alocação de mais recursos para o setor ambiental, o aumento da presença do Estado na região e a elaboração de uma legislação ambiental mais racional, cuja qual, segundo o relatório, exigiria plena participação da sociedade civil na construção.
O relatório completo você confere aqui.
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