segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Envolverde - TerraViva é a memória de FSM
Por Dixon do Carmo, especial para a IPS/ TerraViva
Integrar o time de TerraViva, ao menos uma vez na vida, deveria fazer parte do currículo de todos os jornalistas, escreve o reporter independente Dixon do Carmo.
Desta vez foi apenas uma edição impressa do TerraViva: 32 páginas com a matérias, entrevistas e artigos sobre o que mais relevante a equipe de jornalistas do TerraViva viu em Belém.
Um indiano, Rahul Kumar, que enxergou na Amazônia brasileira muitas identidades com a Índia, Fabrício Ângelo, um mineiro que vê no jornalismo seu jeito de ser universal, o baiano Efraim Neto, que esbanja energia e juventude, o brilhante Zoltan Dujisin, português que vive na Hungria e deu um chame todo especial à cobertura, a diagramação inspirada das gaúchas Cristina Pozzobon e sua irmã Rosana e a fotos sensíveis e oportunas de Paulo Amorim e Paulino Menezes.
Completam o time a delicada paulistana Rachel Áñon, o editor Alejandro Kirk, o mais perfeito exemplar de cidadão planetário, capaz de inteligência e simplicidade em múltiplos idiomas, o editor Dal Marcondes, paulista com ares de turista internacional, o nipônico Mario Osava e sua competência transcendente e um monte de colaboradores e estagiários.
Este foi o TerraViva Team do FSM 2009
A riqueza deste projeto está na diversidade dos olhares e dos textos em suas páginas. Está em compreender que o Fórum é um espaço de confluência de atores sociais de todas as cores e tendências.
Integrar este time, ao menos uma vez na vida, deveria fazer parte do currículo de todos os jornalistas. Em 2005, ultima edição em Porto Alegre, eram 13 jornalistas representando 11 países. Desta vez foram apenas quatro países, mas com uma grande regionalização dentro do Brasil.
E estes olhares disseram muito. Buscaram extrair da realizade aquilo que ela tem de universal. Mario Osava, morador do Rio de Janeiro, escavou na pobre Terra Firme, bairro-favela que fez fronteira com o FSM, as histórias de vidas empurradas para fora do modelo global da economia.
O olhar atento de Zoltan Dujisin viu os ímpetos de uma repressão abortada, quando manifestantes e políciais se estranharam na grande marcha da abertura. Rachel Áñon testemunhou as lutas femininas expressas na vontade de uma presidente mulher em um Brasil depois de Lula.
Mas as sensibilidades vão além do factual, alertam para a partidarização de bandeiras, para a falta de interesse da mídia global e para a inexistência de propostas.
O alerta de que as muitas inovações, em modelos e processos, em gestão e opinião, podem focar opacas por detrás de festas e idéias exóticas é feito por vários dos jornalistas deste time de profissionais.
O Fórum é um efervecente caldo de cultura de onde frutificarão muitas idéias e projetos. No entanto, como diz a Cristina Pozzobon são frutas que não nascem na hora, brotam nas cabeças das pessoas que estiveram aqui quando retornam aos seus cotidianos.
Muitas horas de escrita e edição, quilômetros de caminhadas e centenas de entrevistas fazem parte da rotina da cobertura dos Fóruns Sociais.
Em Belém não foi diferente, apenas se agregou o calor de 40 graus em uma Amazônia que expôs ao mundo suas feridas. Nada ficou fora do olhar desta equipe, nem a beleza e exuberância da região, nem o lixo e o descaso do poder público com as pessoas de suas comunidades mais pobres. A universidade como centro do saber está afundada em uma região onde prospera a ignorância, a doença e a fome.
A edição de 2009 do TerraViva é um documento de um olhar plural sobre o Fórum Social de Belém. Um registro do que está sendo pensado, falado e feito para que a sociedade humana siga em frente, entrando pelos séculos, tendo como valores a cultura e vida, o meio ambiente e o trabalho. (IPS/ TerraViva)
* Jornalista independente
(Envolverde/IPS/TerraViva)
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