sexta-feira, 6 de março de 2009

Só Notícias - Governo e Inpe voltam a divergir sobre dados de desmates em MT

A 'guerra' de dados sobre desmatamento em Mato Grosso está de volta. Hoje, o governo estadual divulgou dados da Transparência Florestal, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), comparando o desmatamento ocorrido em agosto de 2008 a janeiro de 2009 com o mesmo período do ano anterior, houve indícios de redução de 80% no desmatamento em toda a Amazônia Legal. Nesse período, em termos específicos, a redução mais significativa foi registrada em Mato Grosso (-89%), Rondônia (-84%), e Pará (-74%). Segundo o relatório, somente no Acre houve aumento da proporção da área desmatada (+21%). Ontem, conforme Só Notícias já informou, o Inpe apontou que houve aumento nos desmatamentos em Mato Grosso

A informação de hoje aponta que, de agosto de 2008 a janeiro de 2009 -, que corresponde aos seis primeiros meses do calendário atual de desmatamento, foi registrado pelo Imazon 687 quilômetros quadrados de áreas com indícios de desmatamento. Em relação ao ocorrido no mesmo período do ano anterior, quando o desmatamento somou 3.515 quilômetros quadrados, houve redução de 80%.

Já em janeiro de 2009, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou 51 quilômetros quadrados com indícios de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representa uma queda de 38% em relação ao mês de janeiro de 2008 quando o desmatamento somou 82 quilômetros quadrados.

O Imazon, a exemplo do que fez o Inpe esta semana ao divulgar seu boletim, alerta para o fato de que os dados de desmatamento de janeiro de 2009 podem estar subestimados. Isso porque nesse mês houve grande cobertura de nuvens na região amazônica, correspondendo a 67% do território total. Não foram mapeados em decorrência disso uma grande área nos Estados do Pará, Amapá, Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia. Nesse período, Mato Grosso teve apenas 28% do seu território coberto por nuvens e o Tocantins, 23%.

Além disso, alerta o Imazon, os indícios de desmatamentos detectados em janeiro de 2009 em Mato Grosso, podem ter ocorrido nos dois últimos meses de 2008, quando a cobertura de nuvens foi bem mais extensa no Estado.

O que pode explicar o fato de que em janeiro de 2009, Mato Grosso aparece com a maioria (85%) do desmatamento enquanto que o Pará aparece com 8%, Rondônia 2% e Acre apenas 1%. Nos outros estados não foi possível detectar desmatamento devido à cobertura de nuvens. Apesar dos números de janeiro, considerando os seis primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2008 a janeiro de 2009), o Pará lidera o desmatamento com 51% do total registrado no período. Em seguida aparece Mato Grosso (92%). Amazonas e Rondônia contribuíram com 8% cada. Esses quatro estados apresentam 95% do total do desmatamento nesse período.

De acordo com o boletim do Imazon, em janeiro deste ano o desmatamento ocorreu principalmente na região central de Mato Grosso, sul do Pará e oeste do Tocantins sendo que a grande maioria dos desmatamentos (79%) ocorreu em áreas privadas ou em diversos estágios de posse. O restante foi registrado em assentamentos da reforma agrária (8%), unidades de conservação (5%) e em terras indígenas (7%).

Entre os municípios, as situações mais críticas foram registradas pelo Imazon foram em Nova Maringá (MT), 11,7 quilômetros quadrados de áreas desmatadas; em Nova Ubiratã (7,89 quilômetros quadrados) e Brasnorte (5,9 quilômetros quadrados). Alguns desses municípios já foram fiscalizados pela equipe da Sema, que vem intensificando as ações de fiscalização nas áreas de desmatamento e degradação detectadas pelo Sistema de Alerta de Desmatamento. Para isso a coordenadoria de Geotecnologia - vinculada a Superintendência de Monitoramento de Indicadores Ambientais (SMIA) -, vem procedendo a qualificação dos dados com o objetivo de subsidiar as ações de fiscalização e licenciamento da secretaria.

O secretário adjunto de Qualidade Ambiental, Salatiel Araujo disse, ao analisar os dados que, “é necessário fazer uma qualificação das informações para que sejam identificadas e confirmadas as áreas desmatadas e daí proceder à fiscalização”. Ele analisou os valores acumulados de indícios de desmatamento do SAD e do DETER no Estado do Mato Grosso e observou que os mesmos indicam uma redução considerável em relação aos anos anteriores.

“Se a proporção de áreas com desmatamento do tipo corte raso em relação ao desmatamento do tipo degradação progressiva for igual aos anos anteriores (que foi em torno de 60 % do valor total dos indícios de desmatamento) poderemos alcançar um recorde histórico de diminuição de desmatamento em Mato Grosso”.

Outro dado registrado pelo SAD (desde novembro de 2008) a degradação florestal oriunda de áreas que sofreram intensa exploração madeireira e ou que sofreram fogo florestal de várias intensidades aponta que em janeiro de 2009 o SAD registrou 86 quilômetros quadrados de florestas degradadas na Amazônia Legal. Desse total, 85% ocorreu em Mato Grosso, 12% no Pará e 4% no Tocantins.

INPE – Também divulgado nesta semana os dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) mostra que comprados os trimestres de novembro, dezembro e janeiro de 2007/2008, e novembro, dezembro e janeiro de 2008/2009, Mato Grosso apresenta redução de 82,89% nas áreas desmatadas - mesmo tendo sido o primeiro período bastante atípico em relação a cobertura de nuvens e a seca. No primeiro período, foi registrado no estado um desmatamento de 159.597,36 hectares enquanto que no segundo período, houve redução da área para 27.300,00 hectares.

O relatório do Inpe mostra que Mato Grosso se manteve em segundo lugar no índice de desmatamento da Amazônia. O estado do Pará continua a frente no ranking e Maranhão aparece em terceiro.

No período analisado, segundo o Inpe, a Amazônia perdeu 754 quilômetros quadrados de florestas. E a devastação pode ter sido ainda maior, já que a cobertura de nuvens impediu uma avaliação plena da situação.

Em relação a Amazônia, na comparação com o mesmo trimestre (novembro-janeiro) do período anterior (2007/2008), o Inpe registrou 2.527 quilômetros quadrados de desmatamento, houve queda de 70,2%.

No período analisado pelo Inpe, grande parte da Amazônia Legal estava coberta por nuvens que dificultam a visualização dos satélites, daí a abordagem trimestral dos dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) ao invés da mensal.

Em Mato Grosso e no Pará, por exemplo, a cobertura de nuvens no período foi menor, possibilitando um monitoramento mais qualificado do que em outros estados. Já em relação a Amazônia Legal, 86% da região não pode ser visualizada. Alguns estados como o Acre, Amazonas, Amapá e Roraima praticamente não foram monitorados devido à alta proporção de cobertura de nuvens no período.

Em novembro de 2008, o Deter registrou 355 quilômetros quadrados de desmatamento; em dezembro, 177 quilômetros quadrados; e em janeiro, 222 quilômetros quadrados.

No acumulado do trimestre, Pará manteve a liderança entre os estados com maior área desmatada (318,7 quilômetros quadrados de floresta derrubados, o que representa 42% do total registrado. Mato Grosso aparece em segundo lugar, com 272 quilômetros quadrados (36%), seguido pelo Maranhão, onde 88,4 quilômetros quadrados foram desmatados (11%). Rondônia, que sempre aparece entre os estados que mais desmatam, derrubou 58,12 quilômetros quadrados de floresta, 7% do total verificado no período.

O secretário de estado do Meio Ambiente, Luis Henrique Daldegan ao analisar os números divulgados esta semana sobre o desmatamento disse que a Sema continuará priorizando as ações de fiscalização. “Serão autuados todos os proprietários rurais que efetuarem desmatamentos ilegais”, salientou.

Ao comentar a redução da área com indícios de desmatamento, Daldegan disse que “não importa que fiquemos em segundo lugar. O que importa é que estamos conseguindo diminuir os índices de desmatamento no Estado”, destacou o secretário, lembrando que desde o início do Governo Blairo Maggi o desmatamento no Estado vem sendo reduzido.

"O Estado irá enfatizar as ações da Agende Verde, ou seja a valorização da Floresta em pé, o REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação), a recuperação das áreas degradadas, o reflorestamento e o apoio ao manejo florestal como política sustentável, varolizando a população do Estado que vive da floresta”, finalizou o secretário.

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