quarta-feira, 11 de março de 2009

Envolverde - Países articulam projetos para integrar a Pan-Amazônia


Por Hugo kern e Diva Gonçalves, da Agência Amazônia

Autoridades do Brasil e do Peru se encontram no Acre para discutir estratégias conjuntas de desenvolvimento.

RIO BRANCO, AC — Representantes dos Ministérios da Integração Nacional e das Relações Exteriores se reuniram no nesta segunda-feira no município de Assis Brasil (AC) com instituições do Estado ligadas à pesquisa, extensão rural e meio ambiente. Comerciantes, prefeitos e representantes do governo e comércio do Peru também participaram da reunião. O objetivo do encontro foi discutir ações de desenvolvimento e a implantação de projetos de fortalecimento da região.

A Embrapa Acre será um dos parceiros no desenvolvimento destes projetos. Durante o encontro, o chefe geral da Unidade, Judson Valentim, apresentou as pesquisas desenvolvidas pela empresa no estado e o portfólio de produtos com potencial econômico que vão favorecer o desenvolvimento da região, destaque para o manejo da castanha-do-Brasil e controle da aflatoxina, substância tóxica nociva à saúde humana.

A implantação de viveiros e jardins clonais para propagação de seringueiras por enxertia, utilizando clones desenvolvidos pela Unidade, também foram considerados estratégicos no desenvolvimento do projeto bilateral. Outro tema de interesse do projeto é o manejo florestal, onde o Modelo Digital de Exploração Florestal e as informações geradas pela Embrapa voltadas para o trabalho de reflorestamento estarão na linha de frente das ações previstas para a zona fronteiriça.

Segundo Valentim, entre as questões principais para execução do projeto, também é necessário a realização de um estudo sobre as demandas da região de fronteira, visando à criação de pólos de produção agrícola e a redução das importações de gêneros alimentícios que encarecem estes produtos.

Segundo Carlos da Fonseca, chefe da Divisão América Regional 3, órgão do Ministério das Relações Exteriores, o Governo trata as regiões de fronteira de forma singular, com elaboração de projetos binacionais de cooperação. “Desta forma, ações de fiscalização e desenvolvimento de áreas fronteiriças, como Assis Brasil (AC) e Iñapari (Peru), ficam sob a responsabilidade dos países envolvidos, na tentativa de diminuir atividades ilícitas e promover o seu crescimento econômico”, afirma.

Projeto binacional


Na semana passada a comitiva governamental esteve no Estado do Amazonas para reunião da mesma natureza entre o município de Benjamin Constant (AM) e Islândia, cidade peruana. “Nossa proposta para o Acre é semelhante à do Amazonas. Vamos tentar formatar um projeto binacional e com ele captar fundos de investimentos para o desenvolvimento da região”, destacou Rafael França, assessor internacional do Ministério da Integração Nacional.

De acordo com a prefeita de Assis Brasil, Eliane Gadelha, a região carece de incentivos para melhorar as relações comerciais com o país vizinho. A falta de apoio na fiscalização e ordenamento do comércio tem como conseqüência atividades em desacordo com as legislações brasileira e peruana.

O interesse de fomentar o comércio na fronteira entre Acre e Peru ganhou fôlego em 2008. A prefeitura de Iñapari oficializou ao governo brasileiro a intenção de desenvolver projetos para a produção de borracha, piscicultura, beneficiamento de castanha-do-Brasil e manejo florestal. Nesse contexto, instituições de pesquisa e fomento tornam-se peças importantes na execução do projeto binacional. O desenvolvimento de projetos que envolvem municípios fronteiriços tem objetivo de aumentar a relação entre os países, resgatando a soberania nacional, e também elevar a qualidade de vida nessas regiões.

Dentre os encaminhamentos práticos da reunião, ficou acordado que a prefeitura de Assis Brasil e Iñapari definirão uma agenda de trabalho para cada região visando evitar a duplicidade de esforços. Outra ação prática foi a eleição de dois representantes de cada município para análise e discussão do pré-projeto encaminhado pelo lado peruano, afim de acertar detalhes e possíveis alterações.

Da parte dos Ministérios, ficou o comprometimento de estabelecer relacionamento com o Sebrae e a Embrapa afim de estabelecer projetos formais entre os órgãos para o desenvolvimento dos trabalhos. “Vamos aguardar agora que os representantes locais possam chegar a um consenso e conversar com instituições de fomento e pesquisa para localizar as melhores alternativas para a região. Esperamos que todos esses trabalhos sejam feitos até setembro”, ressalta França.

(Envolverde/Agência Amazônia)

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