Por Catarina Alencastro
Sete cidades são incluídas na relação do Ministério do Meio Ambiente; agora 43 concentram 55% do desmatamento
BRASÍLIA. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem que a lista dos municípios que mais desmatam a Amazônia aumentou. Sete cidades se somaram às 36 que, desde o ano passado, figuram na lista do desmatamento do bioma. Agora são 43 cidades que concentram 55% do desmatamento total da região. Pela primeira vez, Roraima, estado que tradicionalmente tem baixo índice de degradação ambiental, aparece no levantamento.
Para o ministro, há uma clara relação entre o desmatamento no município de Mucajaí (RR) e os assentamentos de reforma agrária lá instalados.
Ao todo, a cidade, que destruiu 1.490 km² de floresta nos últimos 11 anos e tem 44% de seu território ocupados por uma reserva indígena, tem cinco assentamentos.
— Roraima sempre teve um baixo desmatamento, mas aconteceu uma coisa inusitada: neste município houve um aumento de mais de 200 km². É interessante, porque isso está associado a uma área de assentamento.
O que mostra que a gente tem que ter uma política específica para isso, que vai valer para outras áreas também — disse Minc.
Nas outras cidades que entraram para o rol de preocupações da área ambiental do governo também há grande número de assentamentos. Marabá (PA), que já desmatou 7.540 km² de floresta, tem 75 assentamentos.
Pacajá (PA), com 4.568 km² desmatados, tem 18 assentamentos.
Itupiranga (PA) degradou 4.319 km² e tem 35 assentamentos.
Amarante do Maranhão (MA) responde por 1.772 km² e conta com 18 assentamentos.
Feliz Natal (MT), 1.866 km² desmatados, e Tailândia (PA), 2.024 km² desmatados, têm apenas um assentamento cada. O desmatamento registrado é o acumulado de 1997 a 2008.
Três cidades de Mato Grosso devem sair da lista em breve Esta foi a primeira revisão da lista dos 36 municípios considerados prioritários no combate ao desmatamento, elaborada no ano passado. Minc assinou ontem duas portarias que estabelecem os critérios para os municípios entrarem e saírem do levantamento.
Segundo ele, Alta Floresta (MT), Porto dos Gaúchos (MT) e Nova Maringá (MT) poderão sair da lista em breve.
As três cidades cumpriram as metas de diminuição do desmatamento, mas não concluíram o cadastramento rural e ambiental, uma das exigências para a exclusão. No quesito desmatamento, é preciso que a área devastada identificada no último levantamento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tenha sido inferior a 40 km² e que a média do desmatamento dos dois últimos anos seja inferior a 60% do registrado de 2004 a 2006.
Para ser incluída na lista, basta que a cidade tenha aumentado sua taxa de desmatamento por três anos seguidos, e que o último levantamento tenha registrado devastação anual superior a 200 km².
Minc disse que o objetivo do ministério é o desmatamento ilegal zero, mas achou positivo que as 36 cidades que inauguraram a lista e respondiam por 50% do total do desflorestamento da Amazônia hoje sejam responsáveis por 42% do total.
Segundo ele, a ideia não é estigmatizar esses municípios, mas sim focar em alternativas para tirá-los desta situação.
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