quinta-feira, 19 de março de 2009

Amazonia.org.br - Estudos confirmam vulnerabilidade da Amazônia, diz Ipam

Por Bruno Calixto

Paulo Moutinho, pesquisador do Ipam, concorda com os estudos recém-lançados que mostram que a floresta pode se transformar em savana com o aquecimento global e o desmatamento

As pesquisas mais recentes sobre os efeitos das mudanças climáticas na floresta amazônica indicam que ao bioma está cada vez mais vulnerável aos efeitos climáticos. No começo da semana um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que a savana na Amazônia pode crescer até 215%. Na semana passada cientistas britânicos concluíram que, independente das políticas para a região, o aquecimento global deve causar grandes estragos na floresta.

O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Paulo Moutinho, esses estudos confirmam as hipóteses das principais pesquisas sobre o tema no país. "O estudo demonstra de maneira mais ampla o que nós já estávamos considerando: a floresta amazônica pode ser vítima do agravamento da mudança do clima e muito pelo fato não somente de aumento da temperatura, mas também pela redução da chuva que as alterações do clima global vão trazer para a região".

Moutinho ressalta, entretanto, que é preciso esclarecer que "a floresta está vulnerável pela combinação de dois fatores: Desmatamento e agravamento da mudança do clima global". Segundo o pesquisador, se continuarmos em ritmo acelerado de destruição de florestas e aumento contínuo de emissão de gases de efeito estufa, haverá poucas chances de "manter a floresta da Amazônia como a conhecemos hoje".

Estudos
Na última terça-feira (17) o climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou estudos preliminares sobre o impacto que aquecimento global e desmatamento na floresta amazônica. Segundo o estudo, se a temperatura aumentar 5ºC e a Amazônia perder 60% de suas matas, a savana na região terá um crescimento de 215,6% até o ano de 2100, e menos da metade da floresta (44%) manterá a capacidade de se regenerar.

O cenário otimista considera um aumento de 3ºC e desmatamento de no máximo 40% da floresta, e mostra que a savana no bioma crescerá 170%. Apenas 66,2% da floresta poderá se regenerar.

O outro estudo, produzido pelo Centro Hadley de Climatologia e divulgado na semana passada em Copenhagen, é ainda mais pessimista. Os cientistas consideraram que, mesmo com severos cortes na emissão de gases de efeito estufa e no desmatamento, a Amazônia ainda perderia 85% de sua cobertura florestal.

Segundo esse estudo, um aumento de 2ºC na temperatura global resultaria na destruição de 40% da floresta. Um aumento de 4ºC acima da temperatura dos níveis pré-industriais resultaria na destruição de 85% da floresta amazônica.

Solução
Para Moutinho, ainda é possível ter um cenário climático melhor. "Se extinguirmos o desmatamento (seja ele legal ou ilegal) já, talvez possamos ter um quadro um pouco melhor do que aquele pintado pelo estudo. Agora, sem redução drástica das emissões de poluentes, nem a Amazônia nem o mundo terá chance alguma".

O pesquisador do Ipam lembra que, se chegarmos a uma situação climática em que 85% da floresta amazônica for destruída, não será apenas a floresta que será vítima, mas também diversos ecossistemas do planeta, além de comprometer a produção de alimentos. "Muitos esquecem que sob um cenário de alteração climática severa a ponto de destruir florestas tropicais não vai ser só a perda deste ecossistema maravilhoso e importante pelo qual vamos chorar".

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