quarta-feira, 4 de março de 2009

OESP - Área desmatada em 3 meses é igual a metade da cidade de SP

Por Lígia Formenti, BRASÍLIA

754 km2 foram destruídos, mas n.º pode ser maior porque nuvens cobriam 76% da região
O desmatamento na Amazônia atingiu, em um período de três meses, o equivalente a uma área de 91 mil campos de futebol. Entre novembro de 2008 e janeiro deste ano, a devastação da floresta atingiu 754,3 km2, de acordo com dados captados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgados ontem.
Os números mostram uma queda de 70,2% de desmatamento comparado com o período de novembro de 2007 a janeiro de 2008, quando foram registrados 2.527 km2 de floresta derrubada. Essa alta taxa de desflorestamento levou o governo, no início do ano passado, a adotar uma série de medidas, como a Operação Arco de Fogo, chamada à época de "maior investida policial na Amazônia Legal", envolvendo mais de 300 integrantes da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os dados deste ano, no entanto, podem ser piores. No período medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 76% da área monitorada estava coberta por nuvens, o que impediu a captação de imagens de desmatamento pelo sistema. Acre, Amazonas, Amapá e Roraima praticamente não foram acompanhados por causa das condições meteorológicas.

Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, esse dado não impede a comemoração na redução do desmatamento. "No ano passado, também houve uma grande cobertura por nuvens." No período 2007/2008, a área coberta por nuvens foi de 69%. "Se a área monitorada fosse muito diferente, o número poderia ser questionado. Mas a queda do desmatamento é três vezes mais significativa do que a diferença de cobertura", avaliou.

Minc atribuiu a redução à adoção de medidas de fiscalização. Para ele, os efeitos da crise econômica ainda não podem ser sentidos na atividade de desmatamento. "Não deu tempo. Isso deve ser visto a partir de abril", afirmou. Tradicionalmente, todas as vezes em que há aumento de preços de commodities, o desmatamento aumenta. Movimento inverso também ocorre, mas, para Minc, tais reflexos não são imediatos.

O ministro anunciou que este ano deverão ser publicados editais para contratação de mil fiscais da área de meio ambiente. Parte deles vai para o Instituto Chico Mendes, parte para o Ibama. Quatro aviões foram contratados para fazer o monitoramento de áreas suspeitas de desmatamento. Ele lembrou ainda que o monitoramento do desmatamento será ampliado. "Na revisão do Plano do Clima, em março do próximo ano, já deverão ser incluídas metas para redução de desmatamento de outros biomas."

A área campeã de desmatamento foi o Pará, com 318,7 km2 de floresta derrubada. Em segundo lugar vem Mato Grosso, com 272,3 km2, seguido do Maranhão, com 88,4 km2. Para a delegada da Polícia Federal Fernanda Santos, o fato de o Maranhão figurar entre Estados com maior atividade de desmatamento é explicado pelo aumento da fiscalização em outras áreas, consideradas prioritárias. "Houve uma migração para áreas de menor fiscalização", afirmou. A expectativa agora é que haja um aumento do número de policiais para fiscalizar a atividade no Estado.

Dados revelados pelo Deter mostram que as áreas de desmatamento apresentam um traçado muito semelhante ao das rodovias na região: BR-163, BR-364 e Transamazônica. Um fenômeno que não surpreende o ministro. "É uma tendência conhecida, mas que pode ter seus efeitos neutralizados."

DESTRUIÇÃO

754,3 quilômetros
quadrados foi a área desmatada na Amazônia no trimestre de
novembro de 2008 e janeiro de 2009

318,4 quilômetros
quadrados foi a área derrubada no Pará, o Estado que mais
desmatou no período

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