quinta-feira, 5 de março de 2009

Amazonia.org.br - Políticas para Amazônia evitaram 3 mil km² de desmatamento, diz Imazon

Por Bruno Calixto

Instituto divulga resultados preliminares de um estudo que avalia as políticas do governo federal contra o desmatamento. A conclusão é a de que medidas como restrição ao crédito e bois piratas funcionaram

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou hoje (5) estudos preliminares que mostram que as medidas do governo federal para combater o desmatamento na Amazônia estão surtindo efeito. No geral, o estudo mostra que graças às políticas cerca de 3.300 km² de desmatamento foram evitados.

O instituto comparou as taxas de desmatamento, analisados tanto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quanto pelo próprio sistema do Imazon, com as variações do preço de mercadorias agrícolas, especialmente o boi gordo e a soja. Segundo o Imazon, o preço dessas commodities está interligado às taxas de desmatamento.

Na projeção com os dados do Inpe, o instituto descobriu que sem as novas políticas o desmatamento poderia ter sido de 13.700 km². "Como a taxa medida ficou em torno de 12.000 km², estimamos que as novas políticas evitaram cerca de 1.700 km² de desmatamento no período (até julho de 2008). Assim, as novas políticas foram suficientes para reduzir o efeito do crescimento dos preços de produtos agrícolas no ano anterior".

Ao fazer uma projeção com base nos dados do próprio Imazon, a ONG estimou em 3.300 km² a quantidade de desmatamento que foi evitado após a implementação das novas políticas. Desse valor, o Imazon também analisou o efeito nos 36 municípios considerados críticos pelo Ministério do Meio Ambiente. Em média, o desmatamento em cada município foi 42 km² menor. Ou seja, o efeito exclusivo da política voltada para os 36 municípios foi uma redução de 1500 km² em 2008.

Medidas

De acordo com o Imazon, a queda do índice de desmatamento está associada, principalmente, a duas medidas. Primeiro, a apreensão de cerca de 3 mil cabeças de gado, criadas ilegalmente numa Unidade de Conservação no Pará, posteriormente leiloadas, chamadas pelo ministro de Meio Ambiente Carlos Minc de "Bois Piratas". Como a punição pela criação ilegal foi relativamente rápida, teve um efeito demonstrativo importante.

Em segundo, o instituto considera a restrição de crédito para imóveis rurais com irregularidades fundiárias e ambientais. A crise financeira internacional, que também restringiu crédito, pode ter influenciado na queda expressiva.

O Imazon enfatiza a importância dessas políticas, mas faz um alerta. "O fato de as novas políticas estarem funcionando aumenta a resistência local contra elas – por exemplo, há pressão agora para reduzir as Unidades de Conservação de onde foi retirado gado ilegal. Para contrapor essa resistência será necessário acelerar os investimentos nas políticas favoráveis ao desenvolvimento sustentável, como o manejo de florestas nativas e o reflorestamento de áreas degradadas, e no aumento da produtividade agrícola nas áreas desmatadas. Assim, seria possível aumentar a produção e manter empregos sem desmatar novas áreas".

Veja a apresentação dos dados preliminares do Imazon: Qual o efeito das novas políticas contra o desmatamento na Amazônia?

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