quinta-feira, 5 de março de 2009

G1 - Imazon confirma queda do ritmo de desmatamento na Amazônia

Iberê Thenório Do Globo Amazônia, em São Paulo

Relatório da ONG aponta que avanço da devastação caiu 38% em janeiro.
Medidas do governo estão surtindo efeito, apontam pesquisadores.

A principal instituição independente que mede o desmatamento da Amazônia confirmou a diminuição da devastação apontada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo relatório publicado nesta quinta-feira (5) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em janeiro houve a destruição de 51 quilômetros quadrados de florestas na Amazônia Legal, área equivalente a três vezes a Ilha de Fernando de Noronha.

Apesar de alto, o índice aponta uma queda de 38% em relação ao mês de janeiro de 2008, quando o desmatamento somou 82 quilômetros quadrados. A organização ressalva que os dados podem estar subestimados, pois nesses dois últimos meses houve grande cobertura de nuvens na região. Além disso, a parte do Maranhão que compõe a Amazônia Legal não foi analisada.

Ações do governo

De acordo com estudo realizado pelo Imazon, a diminuição do desmatamento verificada nos últimos meses se deve à maior fiscalização, à apreensão e venda de ‘bois piratas’ e, principalmente, à proibição de empréstimos agrícolas a proprietários de terras que haviam desmatado.

Levando em consideração a alta do preço do boi e da soja em 2008 – esses índices costumam influenciar a taxa de desmatamento – o Imazon calcula que as medidas governamentais conseguiram reduzir cerca de 3.300 km² de devastação, o equivalente a duas vezes o município de São Paulo.

Estimativas da ONG mostram que o desmatamento começou a cair fortemente em julho de 2008, no mês que entrou em vigor a medida do Banco Central proibindo os empréstimos a agricultores que não estavam em dia com a legislação ambiental.

“Esses dados mostram que o crédito agrícola tem um grande papel [na diminuição da devastação]”, afirma o pesquisador Paulo Barreto, um dos autores do estudo do Imazon.

Para Barreto, também são necessárias mais apreensões de gado criado em situação irregular, principalmente nos parques e reservas. “São Félix do Xingu [onde ocorreu a apreensão dos ‘bois piratas’], no Pará, foi um dos municípios que mais diminuiu o desmatamento”, explica.

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