Desmatamento em áreas indígenas cresce 9%; Funai culpa não-índios por derrubadas
Segundo o ministro Carlos Minc, queda na devastação se deve à maior fiscalização e à resolução do BC que veta o crédito aos desmatadores
Dados de monitoramento por satélite divulgados ontem pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que o desmatamento na Amazônia Legal caiu 70% de novembro de 2008 a janeiro de 2009 em relação ao mesmo trimestre entre 2007 e 2008.
A comparação entre os dois trimestres mostra que a devastação caiu de 2.527 km2 para 754,3 km2. Ou seja, o equivalente a mais de um município de São Paulo (1.509 km2) deixou de ser desmatado. Os Estados que lideram o desmatamento foram Pará (318,7 km2), Mato Grosso (272,3 km2) e Maranhão (88,4 km2).
Apesar disso, o desmate em áreas indígenas da Amazônia Legal atingiu 70,42 km2 de novembro de 2008 a janeiro de 2009 -um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O levantamento cita possíveis derrubadas em 11 áreas indígenas de Mato Grosso (4), Pará (3), Maranhão (2) e Rondônia (2). As derrubadas somam 9% do total desmatado na Amazônia no período.
Em Mato Grosso, dos 227 pontos de possíveis derrubadas, só 15 foram identificados nas reservas indígenas, mas eles respondem por 17% da área total derrubada no Estado.
A maior parte dos pontos (31) foram identificados em duas áreas com histórico de conflitos fundiários e invasões por não-índios: a terra indígena Maraiwatsede (MT) e a terra indígena Cachoeira Seca (PA). Homologada em 1998, a Maraiwatsede é palco de uma arrastada disputa entre índios, posseiros e fazendeiros.
"Quem desmata ali não são os índios. Há naquela área muitas fazendas antigas e que estão em plena atividade. Os índios não utilizam este tipo de prática em suas lavouras", disse o administrador da Funai em Cuiabá, Benedito de Araújo.
Os dados provêm do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que só captura parte do desmatamento devido à menor resolução das imagens e às nuvens.
Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), a queda na devastação se deve à maior fiscalização e à resolução do Banco Central que vetou crédito a desmatadores nos 36 municípios mais devastados.
(RODRIGO VARGAS, JOÃO CARLOS MAGALHÃES E HUDSON CORRÊA)
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