quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Envolverde - Queimadas na Amazônia: roupa nova, problema velho!


Por Redação do Greenpeace

Brasília — Ativistas do Greenpeace entregam roupa de bombeiro a autoridades do governo em Brasília pelo fim da destruição da floresta.

O Greenpeace entregou nesta quarta-feira, em Brasília, uniformes de bombeiros personalizados ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Com uma faixa pedindo o fim do desmatamento na Amazônia, os ativistas percorreram os ministérios que representam os setores da economia que mais contribuem para a destruição da maior floresta tropical do planeta. Nos últimos 40 anos, a Amazônia já perdeu mais de 700 mil quilômetros quadrados de sua cobertura original de florestas.

O assessor da Presidência, Marcelo Pires Mendonça, recebeu os uniformes endereçados à Lula e Dilma das mãos dos ativistas. Nos demais ministérios, as roupas foram protocoladas. Uma carta assinada por Paulo Adario, diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace, também foi entregue às autoridades.

Nos últimos anos, o Greenpeace vem documentando sistematicamente a destruição do maior patrimônio ambiental brasileiro. Durante o último mês de agosto, um time de ativistas esteve em campo registrando cenas de desmatamento e queimadas ilegais no interior e no entorno de Unidades de Conservação e Terras Indígenas na área de influência da BR-163, no Pará e Mato Grosso. Um relatório com imagens e coordenadas geo-referenciadas expondo a falta de governança que permite a exploração ilegal e desordenada dos recursos florestais dentro dessas áreas foi encaminhado nesta quarta-feira para o Ministério Público Federal (MPF) no Pará, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Serviço Florestal Brasileiro e Funai, cobrando sua imediata implementação. As Unidades de Conservação e Terras Indígenas são áreas que deveriam receber proteção especial da União.

Para chamar a atenção da opinião pública para a necessidade de ação imediata visando acabar com o desmatamento, com o uso do fogo na prática agrícola e para a falta de governança na região, o Greenpeace montou um sofisticado sistema de transmissão de imagens via satélite, em tempo real. A inédita exposição do processo de destruição da Amazônia foi feita na última sexta-feira (29), do noroeste do Mato Grosso diretamente para a nossa página Queimadas na Amazônia.

"O que documentamos ali foram áreas incendiadas ilegalmente e uma intensa exploração criminosa de madeira, associada à impunidade e à completa falta de fiscalização, demonstrando a total ineficiência do governo em coibir o desmatamento", disse Márcio Astrini, da campanha da Amazônia do Greenpeace.

"O governo precisa assumir sua responsabilidade em parar o desmatamento e as queimadas – que acontecem todos os anos, com data e hora marcada. O Brasil não aceita mais esse problema velho!"

No último dia 29 de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou uma queda de 60% no índice de desmatamento de julho deste ano em comparação com o mês anterior. Porém, no acumulado dos últimos 12 meses (agosto de 2007 a julho de 2008) foram registrados 8.147 quilômetros quadrados de novos desmatamentos, contra 4.820 quilômetros quadrados no mesmo período do ano passado.

"O Brasil deve adotar uma política consistente para derrotar o desmatamento, assim como foi feito no caso da inflação. Para reduzir drasticamente a inflação, o País adotou metas anuais e não hesita em tomar medidas duras quando ela ameaça sair do controle. Com isso, o Brasil pode se desenvolver de forma sustentável e segura", disse Paulo Adario, diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace.

"O mesmo precisa ser feito com o desmatamento: fixar metas anuais para zerar a destruição da Amazônia até 2015. E permitir que a economica cresça sem que isso signifique mais desmatamento."

(Envolverde/Greenpeace)

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