segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Envolverde - “Moratória da Soja não é estratégia de marketing”, afirma GTS


Por Redação do Greenpeace

Manaus (AM), Brasil — Representantes do setor produtivo e da sociedade civil criticam equívocos do relatório Os Impactos Sociais da Soja no Pará.

Em resposta ao relatório Os Impactos Sociais da Soja no Pará, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Santarém, divulgado na semana passada, o Grupo de Trabalho da Soja (GTS), formado por instituições representantes do setor produtivo e da sociedade civil, enviou nesta quinta-feira à Secretaria Nacional da CPT, Grande Regional Pará e diocese de Santarém uma carta esclarecendo sobre alguns equívocos do relatório. De acordo com o GTS, ao contrário do exposto, a Moratória da Soja nunca representou uma 'estratégia de marketing' junto aos consumidores europeus e tampouco teve um viés 'puramente ambientalista'.

"A Moratória da Soja é fruto de uma ampla campanha promovida, no Brasil e exterior, por organizações ambientalistas e movimentos sociais, inclusive a própria CPT em Santarém e que foi responsável por expor ao mundo os impactos ambientais e sociais do cultivo da soja, em várias regiões da Amazônia” explica Raquel Carvalho, do Greenpeace.

Em vigor desde julho de 2006, a Moratória da Soja representa um compromisso firmado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas empresas associadas, de não comercializarem soja proveniente de novas áreas desmatadas no bioma amazônico, a partir desta data. Da mesma forma, entidades representantes da sociedade civil incluindo Greenpeace, The Nature Conservancy, WWF-Brasil, Conservação Internacional, Imaflora, Ipam, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém e Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, têm trabalhado, por meio do GTS, para atingir os objetivos propostos.

O GTS trabalha no desenvolvimento de ferramentas de verificação dos compromissos assumidos e, dentre as ações de implementação da Moratória, estão o mapeamento e monitoramento dos polígonos desmatados (ver relatório safra 2007/2008) e a criação de um espaço de articulação entre os diferentes setores, para definir as ações prioritárias que garantam uma governança mínima no bioma. A transparência na divulgação de informações e a articulação com instituições governamentais têm sido as estratégias adotadas para promover o envolvimento dos diferentes setores nesta discussão.

Até julho de 2009, além de dar continuidade às ações de implementação, a Moratória buscará assegurar o cadastramento e mapeamento das propriedades rurais nos sistemas de cadastro e licenciamento ambiental dos estados e aprovar uma metodologia que permita às empresas assegurar a procedência da soja, o que deverá reduzir drasticamente a taxa de novos desmatamentos e de conflitos oriundos do cultivo da soja.

"As instituições que apóiam a Moratória reconhecem que esta não é uma solução única e muito menos definitiva e, como qualquer iniciativa inovadora que envolve setores com visões díspares da Amazônia, enfrenta obstáculos, mas temos trabalhado com o único objetivo de assegurar que a produção da soja e o crescimento econômico do país não se reflitam em destruição da floresta amazônica e desrespeito aos direitos das populações rurais e tradicionais que nela vivem e que dela dependem", completa Raquel Carvalho.

Crédito da imagem:Greenpeace/Rodrigo Baleia

(Envolverde/Greenpeace)

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