terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Globo - A formiga 'marciana' da Amazônia

Por Carlos Albuquerque *

Novo inseto é descoberto e pode representar o elo perdido da espécie

Uma nova espécie de formiga foi encontrada na Floresta Amazônica.
Mas, pelas suas características únicas, sem similares na Terra, ela parece ter vindo de um outro planeta, de acordo com o próprio grupo de cientistas que a descobriu. Cega, subterrânea e de instinto predador, a formiga pode representar um elo perdido na história evolutiva desses insetos. O anúncio do inusitado achado foi feito na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
O animal — descoberto em 2005 pelo biólogo alemão, Christian Rabeling, da Universidade do Texas — foi batizado como Martialis heureka, que pode ser grosseiramente traduzido como “a descoberta de Marte”.

— Esse animal foi encontrado pela primeira vez em 2003, mas teve problemas de conservação e foi perdido — explica o pesquisador brasileiro, Marcos Garcia, da Embrapa, que trabalhou no projeto. — Dois anos depois, ele foi encontrado novamente.
Quando o animal foi enviado aos EUA, para análises, descobriu-se que ele não se encaixava em padrão algum. Então alguém brincou, dizendo que a formiga parecia de outro planeta.

A formiga, que se adaptou para viver debaixo do solo, tem entre dois e três milímetros de tamanho, não possui olhos, sua coloração é clara e tem grandes mandíbulas.

A espécie encontrada também pertence à sua própria subfamília, uma das 21 existentes.
Essa é a primeira vez que uma nova subespécie de formiga é encontrada viva desde 1923, já que outras subfamílias foram encontradas depois, mas a partir de fósseis.

— É muito raro encontrar um animal assim, que faz parte de uma espécie, gênero e subfamília novos — conta Garcia.
De acordo com o pesquisador alemão, a descoberta vai ser útil para estudos sobre a biodiversidade e a evolução desses insetos, que se desenvolveram há mais de 120 milhões de anos, a partir de seus ancestrais, as vespas.

— Esse animal pode ser o elo que vai nos ajudar a entender a evolução de diversas outras espécies e nos faz crer que existam outras, ainda escondidas no solo da floresta — diz Rabeling. — Ele é uma espécie de relíquia viva.

*Com agências internacionais

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