segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Envolverde - Desmatamento na Amazônia tem queda de 62,8% em julho


Por Gisele Teixeira, do MMA

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou queda de 62,8% no desmatamento na Amazônia em julho passado. Em relação ao mesmo período de 2007, a redução foi ainda maior - de 68%. "É uma queda recorde, mas ainda insuficiente", disse Minc.

Segundo o ministro, é preciso ter cautela porque o desmatamento pode aumentar nos próximos meses, visto que ainda não estão criadas as bases para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Para ele, o desafio daqui para frente é criar empregos sustentáveis com a mesma velocidade que o governo está reprimindo as atividades ilegais na floresta. "O grande esforço é mudar o modelo econômico e não guerrear com o índice do mês anterior", disse.

De acordo com o sistema Deter - Detecção do Desmatamento em Tempo Real, do INPE, 323 km2 da Amazônia Legal sofreram corte raso ou degradação progressiva no mês passado, quando os satélites puderam observar 81% da região.

É o menor número desde março de 2008, quando o sistema detectou 145 km2, porém naquele mês apenas 22% da Amazônia foram vistos pelos satélites porque a maior parte da região esteve coberta por nuvens.

Em abril, maio e junho, o Deter apontou respectivamente o desmatamento de 1.124, 1.096 e 870 km2, números já indicativos da tendência de queda. Dos 323 km2 de desmatamento verificados em julho, 235,6 km2 estão no Pará. No Mato Grosso foram 32,7 km2.

Minc avaliou que os números de redução de derrubada na Amazônia são conseqüência de uma série de ações do governo. Entre elas, maior fiscalização por parte do Ibama, que dobrou o número de multas nos sete primeiros meses deste ano, quando foram lavrados 4,2 mil autos de infração. No período, o valor das multas atingiu R$ 1,07 bilhão.

O ministro destacou também a entrada em vigor, em 1º de julho, da resolução do Banco Central que incluiu critérios ambientais e fundiários para contratação de financiamento no bioma Amazônia. "O Banco do Brasil e o Basa já registraram queda no número de pedidos de empréstimos", disse.

Além disso, o governo fechou uma série de acordos com as cadeias produtivas da madeira, de minérios e da carne, que se comprometeram a não comprar matéria-prima de fornecedores ilegais. O ministro também destacou a mudança da estratégia de fiscalização nos entroncamentos rodoviários, como nas BRs 364 e 163.

"Ainda não dá para comemorar porque o desmatamento é grande e queremos avançar com as ações do Arco Verde, ou seja, criar condições para que os 24 milhões de pessoas que residem na região vivam com mais dignidade", disse Minc, acrescentando que "o ritmo da fiscalização e da repressão é mais rápido que o ritmo de criar empregos sustentáveis".

De acordo com o ministro, será preciso um esforço de todos os ministérios, governos estaduais e universidades para garantir as bases do desenvolvimento sustentável na região. "Caso contrário, o desmatamento vai voltar a subir", afirmou. Minc lembrou que o governo está oferecendo crédito para quem quiser reflorestar áreas degradadas. São R$ 1 bilhão, com juros de 4% ao ano, e 12 anos de carência.

Apesar da forte queda do desmatamento em maio, junho e julho, Minc estimou que a taxa de corte raso, ou degradação progressiva, em todo o ano de 2008 ficará em patamar semelhante ao do ano passado, cerca de 12 mil km2.

Crédito da imagem: Valter Campanato/ABr

(Envolverde/MMA)

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