quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Minc contém revolta de ambientalistas e recupera crédito

REUTERS

BRASÍLIA - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, conseguiu controlar na segunda-feira a primeira rebelião promovida por organizações não-governamentais desde que assumiu o cargo, há menos de três meses.

Insatisfeitos com a falta de diálogo com o governo e o fato de Minc ter afirmado que poderá flexibilizar o decreto que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais a pedido de produtores rurais, os ambientalistas divulgaram na última semana um manifesto criticando a atual gestão do ministério. Depois de uma reunião de mais de duas horas, o ministro comprometeu-se a passar a conversar com mais freqüência com as ONGs, obtendo assim novo crédito de representantes do terceiro setor.

"A reunião restaurou a credibilidade (do ministro), pois houve a reafirmação do pressuposto do desmatamento zero. A confiança estava abalada", declarou a jornalistas o diretor de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Sergio Leitão, depois do encontro.

Para a coordenadora do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos, a audiência foi "pacificadora e tranqüilizadora."

O ministro afirmou que tem o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para avançar com as discussões sobre as alterações no decreto, pois as regras atuais poderiam prejudicar a produção agrícola do país.

Sobre a crise com os ambientalistas, disse que passará a trabalhar de forma mais estreita com as ONGs. Assegurou, contudo, que continuará ampliando as pontes de diálogo com os produtores rurais.

"Se mal entendido houve, foi sanado. Nós queremos mais proteção e mais produção," ressaltou em entrevista a jornalistas depois da reunião.

Apesar da disposição de Minc, os ambientalistas continuam a ser contrários à alteração do decreto e da redução do tamanho das reservas legais na Amazônia, atualmente fixado em 80 por cento das propriedades localizadas na região. Para as ONGs, os produtores rurais deveriam usar as áreas da Amazônia já desmatadas para aumentar a produção agrícola do país.

Minc também voltou a negar que o governo esteja estudando liberar o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal. Está em discussão no Executivo o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar.

"Não vai haver canavial e usina de cana no Pantanal ou abrandamento de leis. Ao contrário: haverá novas defesas. O governo quer defender o etanol, mas nosso etanol será verde", assegurou. (Reportagem de Fernando Exman)

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