terça-feira, 9 de setembro de 2008

OESP - Da Amazônia para a China


Por Adriana Moreira

O surfista de pororoca Sérgio Laus enfrentou as ondas do Rio Quintang (e a burocracia local)

SÃO PAULO - A pororoca do Rio Araguari, no Amapá, já é velha conhecida do surfista Sérgio Laus. Foi lá que, em 2005, ele quebrou o recorde de permanência em uma mesma onda, surfando 10,1 quilômetros em 33min15. A marca, porém, não contentou o aventureiro: ele queria desbravar outras pororocas no mundo. E, em agosto, venceu mais um desafio. Dessa vez, na China.

Além da pororoca brasileira, a versão chinesa, na cidade de Hangzhou, é uma das mais temidas do mundo. Mas, ao contrário do visual amazônico, o Rio Quintang está inserido em uma metrópole e teve seu curso bastante modificado. "A água é poluída e as margens foram cimentadas para evitar erosões", conta. Sem poder cavar mais espaço no leito do rio, a água explode com força.

Mas a grande aventura do surfista de 28 anos não foi permanecer de pé por 8 quilômetros sobre a prancha, durante 18 minutos, mas conseguir a permissão para o feito. "O governo chinês não queria autorizar", conta Laus. O motivo, segundo ele, é o grande número de acidentes registrados durante o fenômeno. "Muitas pessoas já foram arrastadas das margens." Depois de meses de muita conversa e intermediações, o surfista acabou embarcando.

Antes de cair n'água, porém, Laus teve um encontro com diversos órgãos locais, como polícia e bombeiros. "Todos queriam entender como enfrentaríamos o rio", diz. Para ajudar os aventureiros, as autoridades chinesas apresentaram uma maquete eletrônica, que reproduzia os movimentos da maré.

Com essa ajudinha da tecnologia, ficou mais fácil para Laus fazer o mapeamento do fenômeno. "Estabelecemos um trecho seguro para percorrer." E o surfista comemorou o resultado. "Foi perfeito, sem erros", diz.

O único momento de tensão foi ao se aproximar de uma das enormes pontes que cruzam o rio. "Fiquei com medo. Para minha sorte, a onda ?amansou? antes da ponte e pude parar."

Dração negro

Empolgadas com o êxito da expedição, as autoridades de Hangzhou convidaram Laus para retornar à cidade ainda neste mês. A missão será bem mais difícil: desafiar o Dragão Negro, a maior onda da temporada chinesa. "Essa é violenta; já chegou a nove metros." Falta confirmar parte do patrocínio.

Laus ainda tem outros projetos. Quer desbravar as pororocas do Alasca e da Inglaterra e quebrar seu próprio recorde: chegar a 20 quilômetros surfando uma mesma onda, sem parar.

Crédito da imagem:Sérgio Laus

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