sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Envolverde - Desmatamento na Amazônia este ano será 6% menor que em 2007, estima Imazon


Por Luana Lourenço, da Agência Brasil

Brasília - A taxa de desmatamento da Amazônia em 2008 deverá ser semelhante à devastação registrada em 2007, de 11,2 mil quilômetros quadrados. A aposta é do pesquisador da organização não-governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo, diante do levantamento mais recente do desmatamento na região, divulgado hoje (5) pela ONG.

De acordo com o Imazon, o desmatamento entre agosto de 2007 e julho de 2008 foi de 5.030 quilômetros quadrados, cerca de 6% menor que o acumulado no mesmo período do ano anterior, de 5.331 quilômetros quadrados entre agosto de 2006 e julho de 2007.

“O que o nosso dado está indicando é que o desmatamento deste ano vai ficar próximo ao do ano anterior; pode ser 10% abaixo ou 10% acima, não vai ser expressivo, como o próprio Imazon imaginava. Não vai ser explosivo”, afirmou.

No entanto, a mesma comparação feita com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – responsável pelas estimativas oficiais – apontam aumento de 64% do desmatamento entre 2007 e 2008. Pelos números do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter/Inpe), o desmatamento acumulado no período atual, de agosto de 2007 a julho de 2008, chega a 8,1 mil quilômetros quadrados. No período anterior, a soma foi de 4.972.

“Além do desmatamento em corte raso, o Deter está incluindo a degradação florestal, que não é a mesma coisa, tem duas coisas embutidas”, pondera. Na avaliação de Veríssimo, os dados do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), taxa consolidada de desmatamento anual – também calculada pelo Inpe – deverão apresentar resultado semelhante ao apontado pelo Imazon.

O pesquisador atribui a queda verificada pela ONG às medidas de repressão ao desmatamento ilegal, implementadas na gestão da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“É um momento delicado porque mostra que as medidas tomadas estão surtindo efeito; mas elas não se sustentam no longo prazo, precisam ser acompanhadas de medidas de apoio à produção na legalidade. Ao mesmo tempo em que os resultados estão aparecendo, há uma tensão muito grande porque o setor produtivo se sente acuado, penalizado”, analisa.

A taxa oficial de desmatamento, consolidada pelo Prodes, deve ser divulgada até o fim do semestre.

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Imazon confirma queda do desmatamento na Amazônia em julho


Brasília - A organização não-governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou hoje (5) novos dados sobre desmatamento na Amazônia. De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), em julho a floresta perdeu 276 quilômetros quadrados de cobertura vegetal, uma queda de 54% em relação ao mês anterior e de 71% em comparação com julho de 2007.

Apesar de discordâncias numéricas, a queda apontada pelo Imazon confirma levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado na última semana, que registrou 62% de redução do desmatamento em relação a junho.

“Julho foi um mês de queda muito expressiva. Não sabemos se é uma anomalia ou se trata de um nova tendência”, apontou o pesquisador-coordenador do monitoramento do Imazon, Adalberto Veríssimo.

De acordo com a ONG, o Pará foi o campeão de desmate em julho, com 207 quilômetros de novas áreas devastadas , seguido de Mato Grosso, com aproximadamente 33 quilômetros quadrados e Rondônia Amazonas, com cerca de 16 quilômetros quadrados de desmatamento cada.

Três municípios paraenses são apontados como “críticos” pelo levantamento do Imazon. Novo Repartimento, Pacajá e Portel foram responsáveis por mais de 101 quilômetros quadrados de desmatamento, cerca de 36% do total verificado em toda a região amazônica.

Os três municípios estão localizados no centro-norte do Pará, na área do pólo mineral de Carajás. “Ali há um fenômeno explosivo que tem principalmente uma grande demanda de carvão vegetal por parte das indústrias de ferro gusa. E esse carvão vegetal está sendo produzido às custas da floresta; em assentamentos, pequenas e grandes propriedades”, relata Veríssimo. “É preciso dar uma lupa sobre a questão do ferro gusa, que é um fator de tensionamento do desmatamento nessa região”, acrescenta.

A maior parte dos desmatamentos registrados pelos satélites em julho ocorreu em áreas privadas ou sob algum tipo de posse, 76%, segundo o Imazon. Assentamentos da reforma agrária foram responsáveis por 18% e os outros 6% foram identificados no interior de unidades de conservação e terras indígenas. A existência de nuvens sobre a região impossibilitou a análise do desmatamento em 17% do território amazônico, de acordo com a análise da ONG. (L.L.)


(Envolverde/Agência Brasil)

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